Para fomentar o setor aeronáutico nacional, no início deste ano o Governo da Venezuela criou por decreto presidencial a EANSA – Empresa Aeronáutica Nacional. Controlada pela companhia aérea CONVIASA (80%), e pelo Ministério do Poder Popular de Defesa (20%), a nova empresa estatal terá como objetivo a produção de aeronaves leves de treinamento básico, componentes aeronáuticos, e até mesmo satélites com “selo venezuelano”.
Nesta semana, o Ministro do Poder Popular para o Transporte e Obras Públicas, Hipólito Abreu, divulgou imagens de um hangar sendo reformado, onde deverá funcionar a EANSA. Duas aeronaves serão montadas pela estatal, entretanto não foram divulgados os modelos, apesar do material de divulgação apresentar imagens do monomotor brasileiro elétrico SORA-e.
A Venezuela está sob sansão norte-americana, por conta de atividades obscuras envolvendo o segmento militar, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), do Departamento do Tesouro dos EUA, incluiu entre o setores controlados pelo bloqueio, o segmento aeronáutico, o que atinge um significativo número de aeronaves que voam no país sul-americano. Recentemente publicamos nota sobre uma operação de um Boeing 747 cargueiro iraniano em Caracas, que chamou a atenção de políticos venezuelanos.
Recentemente a companhia aérea CONVIASA, controladora da EANSA, divulgou que pretende reabrir rotas regulares para o Teerã e Moscou. Para esses voos, serão usados o Airbus A340-200 (YV1004) e o novo A340-300 (YV643T), adquirido da AVIOR (ex. YV3292), por conta de uma dívida da empresa privada com a estatal petrolífera PDVSA. Segundo o Presidente da CONVIASA, Ramón Velásquez Araguayán, os voos deverão iniciar na primeira semana de dezembro, e com a chegada de outros A340, que estão sendo negociados, o número de cidades atendidas no exterior deverá aumentar.
Num passado recente, essas rotas internacionais da CONVIASA, principalmente para o Irã e Síria, levantaram muitas suspeitas. A Revista Veja publicou uma reportagem especial em 14 de março de 2015, assinada pelo jornalista Leonardo Coutinho, que fala sobre a criação desta rota e os objetivos obscuros dela:
“Entre março de 2007 e setembro de 2010, um Airbus A340 fazia esse percurso duas vezes por mês. Segundo os chavistas ouvidos por VEJA, quando partia de Caracas, a aeronave ia carregada de cocaína. Também eram transportados documentos e equipamentos, sobre os quais os ex-funcionários chavistas não conhecem detalhes. A droga era descarregada na capital da Síria, de onde era redistribuída pelo Hezbollah, um grupo terrorista do Líbano.”
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