USAF desativou o último “velho rabugento” OC-135B Open Skies. A 55th Air Wing (55th AW) da USAF, realizou uma cerimônia no Aeroporto de Lincoln (IATA: LNK / ICAO: KLNK), Nebraska, para celebrar a aposentadoria do último Boeing OC-135B Open Skies, matrícula AF 61-2670. Chamado pelos militares da unidade de “velho rabugento”, o jato foi retirado de serviço oficialmente na sexta-feira (04/06), depois de quase 60 anos de operações.
Sediado na Base Aérea de Offut, Nebrasca, os militares e convidados do 55th AW foram até o Aeroporto de Lincoln para para participar da cerimônia de despedida do Open Skies #670. O jornal local noticiou que o “velho jato rabugento foi colocado para pastar”.
Cerca de 100 pessoas compareceram ao evento para se despedir da aeronave, que tem sido usada no programa Open Skies desde meados da década de 1990. Este foi o encerramento de um dos últimos vestígios de cooperação militar pós-Guerra Fria entre os Estados Unidos e a Rússia.
“Este avião, facilitou a promoção da paz, compreensão e cooperação dos Estados Unidos imediatamente após a Guerra Fria, no século 21”, disse o Coronel John Litecky, Comandante do 55th Operations Group, de Offutt.
Assinado em 1992 e totalmente implementado em 2002, o tratado Open Skies permitiu que os 34 países membros fizessem voos estritamente controlados, para inspecionar e fotografar as instalações militares uns dos outros.
Para atuar nessas missões especias, em 1993 a USAF colocou em serviço dois Boeing OC-135B Open Skies no 45th Reconnaissance Squadron. Matriculados AF 61-2670 e AF 61-2672, ambos foram convertidos à partir de células de reconhecimento meteorológico WC-135B, fabricados em abril de 1962.
Ao contrário da frota de aeronaves de reconhecimento RC-135 Rivet Joint e Cobra Ball da 55th AW, os Open Skies nunca foram modernizados. As células de quase 70 anos, equipadas com motores Pratt & Whitney TF33-P-5 e aviônicos analógicos, estava sofrendo com baixa disponibilidade e altos custos operacionais.
Em 2019, o Congresso Americano reservou no orçamento um valor para a aquisição de uma aeronave executiva especialmente configurada para o Open Skies, entretanto os estudos não foram adiante.
Em novembro do ano passado, o governo do Presidente Donald Trump decidiu deixar o pacto, alegando violações por parte da Rússia. Na semana passada, o atual presidente, Joe Biden, confirmou que não retornaria ao Open Skies, mesmo que durante a sua campanha para eleição no ano passado, fosse contra a saída do tratado.
“Com o passar dos anos, eles (os aviões) se tornaram membros amados da 55th frota, novos em suas missões, mas velhos e rabugentos no espírito”, disse o Coronel Litecky.
Na cerimônia, muitos ex-tripulantes aproveitaram para visitar pela última vez a cabine do #670, repleta de mostradores analógicos e interruptores, que parecem tão desatualizados quanto um telefone de disco. Algumas histórias de missões foram relembradas pelos antigos tripulantes do OC-135B.
A Tenente-Coronel Julie Gilbert, mostrou fotos de uma missão em Novosibirsk, na Sibéria, cuja temperatura estava em 31 graus negativos na hora da decolagem. “Antes da dar a partida, tivemos que remover 60 centímetros de neve das asas”, disse Gilbert.
O Tenente-Coronel James Hansen, ainda na ativa no 55th Operations Group, lembrou de uma missão em março de 2016, quando era comandante do #2670. Logo após decolar de Khabarovsk, no extremo leste da Rússia, já sem um gerador, o avião se encheu de fumaça a bordo. Querendo evitar um pouso de emergência na Rússia ou na China, a tripulação consegiu determinar que a fumaça vinha do sistema de pressurização, não de um incêndio. Assim, ele decidiu levar o velho jato direto para a Base Aérea de Yokota, no Japão, com todos os tripulantes americanos e franceses utilizando máscaras de oxigênio. Ao sobrevoar uma cadeia de montanhas em território japonês, ocorreu uma pane no sistema elétrico, mas o pouso foi realizado com segurança.
“É um bom jato. No final das contas, ele nos retirou da Rússia”, disse Hansen.
O AF 61-2670 fará seu último vôo na quarta-feira (09/06), para se juntar ao outro “velho rabugento” que o espera no 309th AMARG, Arizona. Ele encerra a sua carreira com 13.451 pousos e 36.664 horas voadas.
Litecky desejou ao avião mal-humorado uma feliz aposentadoria. “Esperamos que nas areias ensolaradas do Arizona você possa finalmente encontrar um local de descanso tranquilo”, disse ele.
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