A Rússia está se preparando para deixar o Tratado Open Skies, um pacto internacional que permite voos de observação sobre instalações militares. A informação foi anunciada pelo Ministério das Relações Exteriores no dia 15 de janeiro, em resposta à retirada dos EUA em novembro passado.
Depois que os EUA declararam sua intenção em maio de 2020 de se retirar do tratado, 11 países europeus – Bélgica, República Tcheca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Espanha e Suécia – publicaram um comunicado conjunto anunciando que eles continuariam a implementar o Tratado de Céus Abertos, ao mesmo tempo que apelavam à Rússia para suspender suas restrições aos voos sob o tratado. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse em seu comunicado que as propostas de Moscou para manter a viabilidade do tratado não receberam apoio dos aliados dos EUA.
A saída iminente da Rússia apresenta outro desafio urgente de controle de armas para o novo presidente americano, Joe Biden, que paralelamente terá que renovar o tratado nuclear START, com a Rússia. A saída oficial da Rússia ocorrerá em seis meses, tempo suficiente para possíveis negociações visando a reversão da decisão, de acordo com as negociações com os representantes do novo presidente dos EUA, que disse apoiar o tratado.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse em um comunicado que a retirada dos EUA do Tratado de Céus Abertos, depois de quase 20 anos, “alterou significativamente o equilíbrio de interesses dos Estados signatários”.
Após o anúncio de Trump em maio, o presidente recém eleito Biden, divulgou uma nota criticando a medida e dizendo que Trump “mostrou a sua visão política limitada de abandonar a liderança americana e seguir sozinho”. Como Senador, apoiei o Tratado Open Skies porque entendi que os Estados Unidos e os nossos aliados se beneficiaram em poder observar o que a Rússia e outros países da Europa estavam fazendo com suas forças militares”, disse.
O objetivo do tratado é reduzir as chances de um eventual conflito inadvertido, permitindo voos de reconhecimento mútuo pelas partes do acordo de 34 países. A Rússia expressou preocupações de que os Estados Unidos ainda possam ter acesso à inteligência de sobrevoo coletada por seus aliados que continuam fazendo parte do tratado. Moscou exigiu garantias de que os dados coletados em voos sobre a Rússia não seriam compartilhados com Washington.
O Chefe do Comitê de Relações Exteriores da Câmara Alta do Parlamento Russo, Konstantin Kosachev, escreveu em suas redes sociais que “a notícia era previsível, depois que os EUA que desistiram do tratado primeiro. No entanto, ele ainda poderia ter sido salvo se, não apenas a Rússia tivesse buscado isso (e nós demonstramos claramente que o fizemos), mas se os outros signatários do acordo, principalmente os da OTAN, também tivessem vontade suficiente para isso. A culpa por este cenário muito triste recai total e completamente sobre os EUA e seus aliados da OTAN. Ponto final”, disse o parlamentar russo.
A retirada da Rússia poderá levar a Bielo-Rússia, sua aliada, também saia do Open Skies.
Também está na agenda do presidente eleito a renovação do START (Strategic Arms Reduction Treaty), um tratado de tratado de 2010, e que expira em fevereiro próximo. Ele restringe o número de ogivas nucleares estratégicas e certas plataformas de lançamento dos países signatários. Se não for ampliado ou substituído, as duas maiores potências nucleares do mundo retornarão a uma era sem restrições dos seus arsenais.
@FFO