O novo aumento nos custos do KC-46 foi “devido às contínuas interrupções do COVID-19 e ineficiências de produtividade”, disse o diretor financeiro da Boeing, Greg Smith, aos investidores durante uma teleconferência de resultados do terceiro trimestre de 2020, divulgados em 20 de outubro. Segundo dados, o KC-46 trouxe mais um prejuízo de US$ 67 milhões.
No entanto, o CEO da Boeing, Dave Calhoun, expressou confiança de que o programa, em 2021, se tornará lucrativo para a empresa, apesar de vários investidores estarem céticos a relação a esta “virada”.
“O KC-46 tem sido um obstáculo para nós por três ou quatro anos em todos os aspectos que você pode imaginar com relação aos investidores”, disse Dave Calhoun. “Mas continuamos a superar os obstáculos com nossos clientes no que diz respeito ao desempenho da frota e à necessidade desse navio-tanque. Todo esse relacionamento, eu acredito, começará a transição no próximo ano, e em oposição a ser um obstáculo em nossa franquia – o que tem sido – acredito que se tornará uma força em nossa franquia.”
Encargos anteriores no programa KC-46 chegado a próximo de US $ 4,7 bilhões – quase igual à soma de US $ 4,9 bilhões do contrato de preço fixo da empresa com a USAF assinado em 2011. O KC-46 tem sido, de fato, uma dor de cabeça para a empresa. Vários problemas foram aparecendo. Alguns deles relacionados ao sistema de EVS, outros devido a vazamentos no sistema de combustível, além de atrasos e problemas de aeronaves com falta de controle de qualidade..
No geral, as receitas de defesa diminuíram ligeiramente para US$ 6,8 bilhões – contra US$ 7.2 bilhões. Mas esse impacto empalideceu em comparação com os negócios comerciais da Boeing, onde as receitas caíram de US $ 8,2 bilhões em 2019 para US $ 3,6 bilhões em 2020.
Como resultado dessas dificuldades contínuas, a empresa planeja demitir mais 7.000 trabalhadores até o final de 2021, fechando o ano com 31 mil, anunciou Calhoun. Nesse ponto, a força de trabalho da Boeing será reduzida em 20%, passando de 161.000 no início deste ano para cerca de 130.000 funcionários.
Se na área comercial os prejuízos são enormes, ainda mais quando somamos o histórico do 737 MAX, na área de defesa é considerado um “ano de transição”, onde programas como o MQ-25, o treinador T-7 e a substituição do Força Aérea Um, que estão em desenvolvimento, e, assim que entrarem em produção, devem gerar “um crescimento modesto”. Porém para isto acontecer, é preciso que muitos dos problemas afora a pandemia sejam resolvidos, entre ele a qualidade e efetividade da produção. O KC-46, por exemplo, teve inúmeros problemas de controle de qualidade, inclusive com o esquecimento de ferramentas no interior das cavernas das asas, gerando relatórios de perigo por parte da USAF e até a suspensão do voo. A perda desta qualidade e eficiência tem sido alvo de debate na empresa, que vê prejuízos com aplicação de multa contratuais e perda de prestígio.
Mas Calhoun acrescentou que é improvável que os gastos globais com defesa aumentem muito nos próximos anos.
“Acreditamos que haverá pressão sobre os gastos com defesa como resultado de todos os gastos relacionados ao COVID que, todos os governos em todo o mundo vêm experimentando”.
@CAS