O governo Biden não suspenderá a proibição imposta pelo do governo Trump conta a Turquia de comprar caças Lockheed Martin F-35, sancionada pela compra do sistema de defesa aérea russo S-400 Triumf por parte de Ancara em 2019.
Se havia alguma esperança de que um novo presidente poderia mudar algo, a confirmação da manutenção da decisão sela de vez qualquer possibilidade, por mais remota que fosse de uma reversão, tanto da compra dos F-35 como da saída dos turcos do JSF (Joint Strike Fighter). A informação foi divulgada pelo Pentágono na sexta-feira passada (5/02).
“A Turquia é um aliado antigo e valioso da OTAN, mas sua decisão de comprar o S-400 é inconsistente com os compromissos como um aliado dos EUA e da OTAN. Nossa posição não mudou. O S-400 é incompatível com o F-35 e a Turquia foi suspensa desse programa. Instamos a Turquia a não manter o sistema S-400. A Turquia teve várias oportunidades na última década de comprar o sistema de defesa Patriot dos Estados Unidos e, em vez disso, optou por comprar o S-400, que fornece acesso e influência à Rússia”.
John Kirby — Secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby.
O Governo dos Estados Unidos anunciou a imposição de sanções à Turquia no dia 14 de dezembro de 2020, sob os temos da Lei de Combate aos Adversários da América (CAATSA – Countering America’s Adversaries Through Sanctions) como consequência da aquisição do S-400 (SA-21 ‘Growler’).
A Turquia planejava a compra de 100 F-35A. Em julho de 2019 o país foi excluído do JSF e suas aeronaves foram retidas em solo americano, com o treinamento de seus pilotos suspenso, face à aquisição do sistema russo de defesa antiaérea. A principal alegação americana é o que o uso do S-400 pela Turquia poderia comprometer a capacidade furtiva do F-35, além da possibilidade de existir vazamento de informações críticas da aeronave aos russos e chineses. A reclamação americana foi prontamente acatada por outros parceiros do programa, que concordaram na retirada dos turcos do projeto, mesmo eles sendo parceiro nível 3 do JSF.
O curioso é que parte dos F-35A construídos para a TuAF — oito das quais estão prontas, e que hoje estão estocados nos EUA, poderá voar nas mãos dos seus rivais gregos, que em novembro do ano passado solicitaram a compra aos EUA de um lote de 18 a 24 unidades.
Os prejuízos com a saída da Turquia do JSF são milionários. O escritório de contabilidade do Governo dos Estados Unidos (Government Accountability Office — GAO), em Washington, detalhou, no dia 20 de maio de 2020, que as perdas com a expulsão foram na casa de US$ 1,5 bilhão, só em 2019, que serão divididos entre os demais parceiros de risco do projeto.
É provável que o resultado de 2020, com o efeito pandemia de COVID-19, seja ainda maior — o que deve afetar o custo final de cada aeronave. As empresas turcas devem continuar fornecendo peças do F-35 a Lockheed Martin até 2022. Até lá os parceiros do JSF devem redistribuir a outros fabricantes o lote de peças fabricado na Turquia, que chega a 1005 itens, sendo 15 partes vitais da aeronave.
@CAS