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FAdeA suspende voo inaugural do IA-100 Malvina em meio à grave crise financeira

13 de maio de 2025
FAdeA suspende voo inaugural do IA-100 Malvina em meio à grave crise financeira (Foto: FAdeA).
FAdeA suspende voo inaugural do IA-100 Malvina em meio à grave crise financeira (Foto: FAdeA).

FAdeA suspende voo inaugural do IA-100 Malvina em meio à grave crise financeira. Gestores da Fábrica Argentina de Aviones (FAdeA) decidiram suspender o primeiro voo do novo modelo IA-100 Malvina, previsto para a última sexta-feira (09/05), devido à grave crise financeira. A falta de recursos forçou a empresa pagar apenas 30% dos salários de abril para seus funcionários.

Essa situação, que não foi resolvida, está colocando em risco o futuro do programa IA-100 (que ainda não tem contrato de compra), o único projeto novo em desenvolvimento pela empresa atualmente. Segundo uma fonte da fábrica ouvida pelo Pucará Defensa, a suspensão do voo inaugural foi uma decisão da alta cúpula a empresa, que neste momento está priorizando atender às reclamações dos trabalhadores.

Instalações da FAdeA em Córdoba (Foto: Santiago Rivas).
Instalações da FAdeA em Córdoba (Foto: Santiago Rivas).

Conforme a reportagem, o problema vem desde a administração anterior de Mirtha Iriondo, que usou recursos de vários contratos para cobrir despesas em vez de pagar fornecedores, e que focava apenas em atender às Forças Armadas Argentinas e não buscar novos clientes no setor privado e no exterior. Isso deixou a FAdeA quase exclusivamente dependente do Ministério da Defesa.

Sem apresentar balanços no período anterior, a FAdeA foi sustentada por injeção de recursos do tesouro nacional, de modo que sua gestão entre 2020 e 2023 priorizou a política e não se preocupou com eficiência e o equilíbrio alcançado no período de 2015 a 2019 foi perdido. Isso levou a gestão, que começou em 2024, a encontrar uma fábrica deficitária e ineficiente, com poucos clientes e cujos contratos não estavam sendo cumpridos de acordo com o prometido.

Agora, o Ministério da Defesa decidiu que o Comando de cada Força (Marinha, Exército e Aeronáutica) será responsável por contratar a FAdeA e o fará de acordo com suas necessidades, sem a obrigação de adquirir produtos exclusivamente desta empresa.

Sem contratos

O contrato de modernização da aeronave AB-206 para o Exército Argentino já foi concluído, com 12 aeronaves modernizadas e outras 5 colocadas em serviço recentemente. Outros três não serão recuperados. Foto Santiago Rivas.
O contrato de modernização da aeronave AB-206 para o Exército Argentino já foi concluído, com 12 aeronaves modernizadas e outras cinco colocadas em serviço recentemente. Outros três não serão recuperados (Foto Santiago Rivas).

Neste cenário, o Exército Argentino já rescindiu o contrato para a modernização dos helicópteros Agusta Bell AB206, e foi decidido que as três aeronaves restantes na fábrica não retornarão ao serviço devido às condições de suas fuselagens.

O Comando de Aviação Naval cancelou o contrato de recuperação do P-3B Orion, matrícula 6-P-56, e o contrato de modernização do T-34C Mentor. Deste modo, essas duas Forças não têm mais contratos vigentes com a FAdeA.

A Força Aérea Argentina (FAA), por sua vez, tem uma dívida de 1,1 bilhão de pesos (cerca de US$ 1 milhão) e tem contratos para revisões de grande porte do C-130H Hercules (matrícula TC-61) e do KC-130H (TC-70), enquanto o C-130H (TC-60) deverá ser enviado para inspeção e modernização em breve. Ainda não foi decidido o futuro do L-100-30 (TC-100), que está há alguns anos na FAdeA aguardando a assinatura do contrato de inspeção, que não foi efetivado pela falta de verba da FAA.

Um dos programas da FAdeA é a modernização dos C-130 Hércules da FAA (Foto: FAdeA).
Um dos programas da FAdeA é a modernização dos C-130 Hércules da FAA (Foto: FAdeA).

É importante ressaltar que essas inspeções de grande porte são demoradas e os fornecedores começam a solicitar peças de reposição e componentes apenas depois que o contrato é assinado. Com isso, se não houver progresso no curto prazo, apenas dois Hércules estarão em operação na frota da FAA, o TC-64 e o TC-69.

O programa de modernização do IA-63 Pampa 2 foi paralisado. Apenas dois dos 13 jatos encomendados foram entregues e o terceiro (E-812) está em meio ao processo. A produção das seis novas aeronaves também está parada. Apesar de ter assinada a compra de três aeronaves, a gestão anterior utilizou esses recursos para cobrir as despesas correntes da FAdeA, de modo que hoje não há recurso para pagar fornecedores.

Enquanto isso, o programa IA-58 Pucará Fénix também está paralisado e seu futuro é completamente incerto.

O primeiro Pampa de produção, E-801, permanece na FAdeA aguardando restauração e modernização (Foto: Santiago Rivas).
O primeiro Pampa de produção, E-801, permanece na FAdeA aguardando restauração e modernização (Foto: Santiago Rivas).

No caso do IA-100 Malvinas, embora a FAA tenha assinado um pedido inicial para 25 aeronaves, posteriormente esse número foi reduzido para apenas dez unidades. Apesar disso, ainda não há contrato assinado, então o programa também enfrenta um futuro incerto.

Tentando ficar

Como medida paliativa, estão em andamento negociações para transferir à FAA os nove Grob G-120TP de propriedade da FAdeA e que estão arrendados para a Escola de Aviação Militar. O valor estimado do negócio é de aproximadamente US$ 26 milhões e serve como compensação por pagamentos já feitos pela Força Aérea por contratos não cumpridos, como a entrega de novas aeronaves Pampa. O negócio ainda está em andamento sem nenhum acordo alcançado.

A tudo isso se soma a má gestão anterior que levou à revogação da certificação pela ANAC da Argentina e pela DGAC do Chile para a oficina de manutenção de aeronaves civis. Durante o ano passado a nova gestão iniciou trabalhos para reverter essa situação. Isso levou a uma queda na geração de receita com manutenção desse tipo de serviço, que só agora está começando a se recuperar.

A atual gestão trabalha para atrair novos clientes através de acordos fechados, incluindo o da Akaer que envolve a produção de componentes para o novo D328eco e outros atualmente em negociação. No entanto, esses acordos, que posteriormente devem ser convertidos em contratos, terão um impacto de médio e longo prazo quando a fábrica passa por uma crise de curto prazo.

O programa Pucará Fénix está totalmente paralisado (Foto: FAdeA).
O programa Pucará Fénix está totalmente paralisado (Foto: FAdeA).

Essa falta de recursos fez com que parte do valor recebido com a produção de componentes para o Embraer KC-390 tenha sido usada para cobrir despesas operacionais correntes, como salários e contas de serviços públicos, em vez de cobrir pagamentos de fornecedores, que pararam de entregar materiais o que causou atrasos nas entregas à Embraer. Embora a fabricante brasileira tenha concordado em adiantar US$ 1,8 milhão, ela também ameaçou cancelar o contrato devido à quebra de contrato da FAdeA, o que não só seria um golpe fatal para a empresa, mas também iria gerar o pagamento de multas contratuais.

A Elbit, por outro lado, exigiu o pagamento de US$ 2,5 milhões pelos aviônicos do Pampa 3 até 31 de maio, sugerindo uma multa de US$ 2 milhões se o pagamento não fosse feito no prazo. Por enquanto, o acordo foi resolvido com o pagamento de US$ 500.000 por meio dos esforços do Estado-Maior Conjunto.

Ao mesmo tempo, a IAI está exigindo o pagamento de dez conjuntos de trens de pouso fornecidos para os Pampa III em produção e para algumas aeronaves em modernização, cujos componentes foram repassados para a frota operacional.

Saídas possíveis

Fornecedores exigem pagamentos de componentes e peças entregues para montagens dos Pampa (Foto: FAdeA).
Fornecedores exigem pagamentos de componentes e peças entregues para montagens dos Pampa (Foto: FAdeA).

O governo federal tentou transferir o controle da FAdeA para Córdoba, como parte do pagamento de uma dívida que tem com a província, mas o negócio não foi adiante, principalmente pela falta de recursos financeiros e falta de know-how no segmento aeroespacial por parte do governo provincial.

A FAdeA reclama da falta de tomada de decisões da Secretaria de Pesquisa, Política Industrial e Produção de Defesa, chefiada por Mario Katzenell, que não tem experiência no setor. Isso levou a uma incerteza sobre o futuro da empresa: recuperá-la, vendê-la ou fechá-la.

Quanto a privatização, é preciso ter em mente que ninguém terá interesse em uma empresa como se encontra atualmente a FAdeA. Quando potenciais compradores foram procurados entre 2015 e 2019, todos concordaram que só estariam interessados ​​se houvesse um contrato de produção significativo com o estado argentino, o que daria um horizonte de sustentabilidade de curto prazo.

Essa situação persiste até hoje, pois o país não tem um mercado atrativo, tem baixa demanda, carece de políticas de incentivo para ter custos competitivos devido à alta carga tributária, cambio desfavorável, falta de financiamento, além de um longo histórico de instabilidades e mudanças de regras.

Caso a FAdeA seja fechada, a Argentina estaria desistindo de ter uma indústria aeronáutica, e precisaria encontrar uma solução para a manutenção das frotas de Hércules e Pampa da FAA. Uma opção seria transferir a empresa para o Comando da Aeronáutica que a transformaria em uma oficina de manutenção com uma pequena fração da infraestrutura atual.

A falta de recursos forçou a empresa pagar apenas 30% dos salários de abril para seus funcionários (Foto: La Voz).
A falta de recursos forçou a empresa pagar apenas 30% dos salários de abril para seus funcionários (Foto: La Voz).

Para ser recuperada e torná-la eficiente, o governo federal terá que sustentá-la até que possa gerar receitas e caminhar sozinha com suas “próprias pernas”, como aconteceu em 2019, para que então possa crescer sem depender de contratos estatais.

A decisão sobre o que fazer deve ser tomada não apenas considerando a situação atual, mas também tendo uma visão de longo prazo sobre o futuro da indústria aeroespacial argentina. Isto deverá ser decido por quem entende do setor.

Enquanto isso, a FAdeA precisa de uma solução urgente para seu problema de curto prazo de pagamento de salários e fornecedores e de permanecer operacional até que possa se sustentar novamente.

Fonte: Pucará

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