

China oferece o Chengdu J-10CE para a Colômbia. Aproveitando a onda de publicidade de suas aeronaves no conflito Índia x Paquistão, a China dá um passo ousado e ofereceu o seu caça Chengdu J-10CE a Força Aérea da Colômbia.
A proposta foi feita durante uma visita do presidente colombiano Gustavo Petro a Pequim em 13 de maio, onde se encontrou com o presidente chinês Xi Jinping, colocando a Colômbia na nova Rota da Seda. A Fuerza Aérea Colombiana (FAC) há anos busca substituir seus IAI Kfir C10/C12, hoje seu único vetor supersônico, operacionais no Esquadrão de Combate 111, que devem sair de cena em breve, inclusive já tendo aposentado oficialmente o seu primeiro exemplar.

O Governo da Colômbia já havia se manifestado, anteriormente, a favor do F-16C/D e anunciado, de forma precipitada, o Dassault Rafale em dezembro de 2022, mas nada foi de fato concretizado. Durante a LAAD 2025, realizada em abril deste ano no Rio de Janeiro, a FAC anunciou que havia escolhido o Saab Gripen E, informando que iria adquirir 16 unidades.
Naturalmente o contrato só deve ser firmado em alguns meses com a Saab. O possível acordo com a China levanta questões importantes sobre a escolha do Gripen E e a mudança de alinhamentos geopolíticos da Colômbia e da Aviação militar na América do Sul.

A proposta da China, que inclui até 24 jatos J-10CE com condições de financiamento flexíveis – fala-se em US$ 30 milhões por aeronave, posiciona Pequim como um concorrente sério em um mercado onde historicamente teve pouca presença. De acordo com publicações no X, a oferta é vista não apenas como uma transação comercial, mas como uma manobra estratégica para aprofundar a influência da China em uma região há muito considerada uma esfera de influência dos EUA.
O Chengdu J-10CE, uma variante de exportação do J-10C operada pela Força Aérea do Exército de Libertação Popular da China (PLAAF). Foi adquirido por Paquistão e Egito. É um caça multifuncional de 4.5ª geração projetado para competir com plataformas ocidentais como o americano F-16 Fighting Falcon e o sueco Saab Gripen. Desenvolvido pela Chengdu Aircraft Corporation, o J-10CE apresenta um layout de asa delta e canard, um design que melhora a manobrabilidade e a agilidade em combate aéreo. A aeronave é equipada com um único motor, normalmente o turbofan WS-10B de fabricação chinesa ou o AL-31FN russo, atingindo uma velocidade máxima de Mach 1,8 e, um raio de combate de aproximadamente 1.930 km com tanques de combustível externos.

No centro das capacidades do J-10CE está seu avançado conjunto de aviônicos, que inclui um radar AESA (Active Electronically Scanned Array), provavelmente uma variante do KLJ-10. Este radar oferece detecção de alvos superior, com relatos sugerindo que ele pode rastrear múltiplos alvos a distâncias de até 170 quilômetros, superando os sistemas de radar de caças de gerações anteriores, como o F-16C Block 52.
Seu arsenal ar-ar inclui o míssil de longo alcance PL-15E, com alcance estimado de 145 quilômetros para modelos de exportação, e o míssil de curto alcance PL-10, conhecido por sua alta capacidade de mira fora da linha de visão. Para missões de ataque ao solo, o jato pode utilizar bombas planadoras guiadas LS-6, mísseis antirradiação YJ-91 e mísseis antinavio, tornando-se uma plataforma versátil para uma variedade de cenários de combate.
Para a Colômbia, que opera com um orçamento de defesa limitado, a acessibilidade do J-10CE pode ser um grande atrativo, especialmente quando somada à reputação da China de oferecer acordos de financiamento flexíveis. No entanto, integrar uma plataforma chinesa a uma força aérea alinhada ao Ocidente, apresentaria desafios significativos, incluindo treinamento, manutenção e interoperabilidade com os sistemas existentes.
A FAC não tem experiência na operação de aeronaves chinesas, e integrar o J-10CE aos seus helicópteros e aviões de transporte existentes no Ocidente pode ser complexo.
Mas mais importante. Uma eventual compra do J-10CE, ele complementaria os Gripens E ou estes seriam os substitutos dos Kfir no lugar do caça sueco? Como seria visto isto, diante de aliados ocidentais, em especial, os EUA?
Na América Latina, as exportações de armas da China têm sido limitadas, com a Venezuela e a Bolívia sendo exceções, ao comprar jatos de treinamento K-8. A oferta do J-10CE também reflete tendências geopolíticas mais amplas. A China tem utilizado cada vez mais a venda de armas como ferramenta para construir parcerias estratégicas, frequentemente combinando acordos militares com investimentos pesados em infraestrutura, que colocam empresas chinesas no mercado local.
No Brasil, por exemplo, há informações não confirmadas que a China propôs recentemente a doação de jatos J-10CE em troca de acesso ao Centro de Lançamento Espacial de Alcântara, um ativo estratégico para lançamentos de satélites. O Brasil recusou, citando seu compromisso com o programa Saab Gripen e preocupações sobre um alinhamento muito próximo com Pequim.
A Colômbia, assim como o Brasil, deve ponderar as ramificações geopolíticas de aceitar hardware chinês, especialmente em uma região onde os EUA continuam sendo um parceiro de segurança dominante.
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