GA-ASI responde críticas ao drone MQ-9 após abate pelos Houthis. Após um drone General Atomics MQ-9 Reaper da USAF ser abatido na costa do Iêmen no último dia 08/11, várias críticas foram feitas, em especial, a de operar aeronaves tão caras em ambientes contestados.
Em uma onda de drones baratos, feitos até para serem descartáveis, a perda do Reaper é vista com um desperdício de recursos caros para muitos críticos do MQ-9. A guerra na Ucrânia mostrou que resultados bem sucedidos são possíveis usando grandes quantidades de drones baratos e de baixa tecnologia, em vez de depender de menos drones e mais caros.
A pressão — leia-se do mercado, fez, por exemplo, em 2021, a USAF tentar restringir a aquisição de novos de drones fabricados pela General Atomics Aeronautical Systems no orçamento fiscal de 2022.
Claro que a pressão tem forte apelo do mercado e não de setores técnicos. No início deste mês, Brandon Tseng, presidente da empresa de drones e software Shield AI, disse que o MQ-9 é “muito caro e muito lento para se regenerar para continuar operando no alcance dos mísseis terra-ar. O MQ-9 é uma ótima aeronave, já usei. Mas para a luta futura, seu papel precisa ser redefinido para o quarterback [zagueiro] de equipes inteligentes de aeronaves atribuíveis”, escreveu ele no LinkedIn. “E isso não se aplica apenas ao MQ-9; inclui MQ-4, MQ-1, P-8, SH-60, etc.”
E um artigo do início deste ano no site do Modern War Institute da Academia Militar dos EUA observou que “o MQ-9 Reaper pode não conseguir sobreviver num ambiente caracterizado por operações de combate em grande escala”.
“Há uma decisão a ser tomada”, escreveu Liam Collins, que serviu como conselheiro de defesa da Ucrânia de 2016 a 2018. “Deveriam os militares dos EUA colocar em campo UAVs com maior capacidade de sobrevivência — aqueles capazes de conduzir manobras defensivas — ou investir em outros menores que não se importa em perder?”
O artigo foi em resposta a um incidente de março de 2023 que viu um caça a jato russo derrubar um Reaper dos EUA sobre o Mar Negro, depois de inicialmente danificar sua hélice. A interceptação acabou “resultando em um acidente e na perda total” da aeronave, disse em um comunicado o general da USAF James Hecker, comandante do US AFRICACOM.
Em 6 de julho, outro relato que a Rússia interceptou um MQ-9 envolvido numa missão de contraterrorismo sobre a Síria, com caças Su-35 e ao lançar flares sobre o drone, danificou a sua hélice. Já em 23 de julho houve outro incidente com caças Su-27 russos e um MQ-9 da USAF sobre a Síria.
Questionado sobre as críticas e se é preciso pensar em substituir o MQ-9, C. Mark Brinkley diretor sênior de comunicações da General Atomics Aeronautical Systems disse que, “com uma linha de produção quente, podemos construir uma em três a oito meses. Porém, perdas e desgaste em combate estão incluídos no esquema de ordens USAF. Espera-se alguma perda. Existem empresas por aí que querem que você acredite que pode substituir a capacidade de um Reaper ou SeaGuardian por um drone de 100 libras que pode transportar 25 libras de carga por 10 horas. O único problema é que precisariam de um bilhão de dólares para inventar alguma inteligência artificial mágica que os tornasse relevantes. Mesmo que essa IA existisse hoje e você pudesse agrupar 50 deles, sua carga útil e resistência seriam 25% do MQ-9B. Então não me diga que esse é o futuro”.
Para aumentar a capacidade de sobrevivência do Reaper, Brinkley recomendou a integração de mísseis ar-ar e um radar de alerta antecipado para “mudar radicalmente a situação” e reduzir as oportunidades de assédio.
Isto ecoou uma recomendação semelhante feita pelo Major-General aposentado da USAF Lawrence Stutzriem, que aconselhou o Pentágono a financiar a integração de uma capacidade de autoproteção no Reaper — algo que o departamento ainda não fez.
Dave Alexander, presidente da General Atomics Aeronautical Systems, ofereceu duas maneiras de responder às vulnerabilidades do Reaper em áreas contestadas. “Ou você reclama disso, ou faz algo a respeito”.
@CAS