EUA procura China para diálogo sobre as interceptações perigosas. O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd J. Austin III, enviou uma mensagem ao seu homólogo chinês, Wei Fenghe, no dia 11 de janeiro, solicitando um diálogo para esclarecer os fatos sobre o perigoso incidente ocorrido no mês passado, que envolveu o abalroamento entre duas aeronaves militares de ambos países, sobre o Mar da China. Até o momento, o governo chinês não respondeu à solicitação.
“Estamos tentando garantir a manutenção dessas linhas [de diálogo] abertas. Estou disposto a convidar meus colegas na China para um encontro e trabalhar duro para manter essas linhas de comunicação abertas. Essa é a principal e melhor maneira de evitar esse erro de cálculo”, disse Austin em entrevista coletiva.
Em 21 de dezembro do ano passado, um caça J-11B da Força Aérea do Exército de Libertação da China (PLAAF) interceptou um RC-135V Rivet Joint da USAF sobre o Mar da China Meridional. A ação foi considerada perigosa e insegura por ambos lados, que divulgaram os vídeos gravados por seus militares (detalhes aqui).
De acordo com o Pentágono, os secretários da Defesa dos EUA e da China não mantém contato desde novembro, observando que os EUA estão dispostos a conversar com os chineses sobre o que consideram um comportamento cada vez mais agressivo em relação às aeronaves americanas e aliadas.
Depois da visita da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, à Taiwan em agosto de 2022, a China tem intensificado as missões de interceptação e acompanhamento de aeronaves norte-americanas, bem como dos seus aliados. Essas ações ocorrem em espaço aéreo internacional, onde os voos são considerados “ilegais” pelos chineses, porque se aproximam de áreas que Pequim considera seu território.
Durante uma coletiva à jornalistas em 17 de janeiro, o secretário de imprensa do Pentágono, Brigadeiro General Patrick S. Ryder, reiterou o desejo dos EUA de manter mais diálogo entre os dois países para evitar um incidente que poderia sair do controle. “Queremos fazer tudo o que pudermos para reduzir possíveis erros de cálculo. Do ponto de vista dos Estados Unidos e do DOD, certamente continuaremos disponíveis para nos comunicar com nossos colegas chineses em vários níveis” , disse Ryder.
O Pentágono considera natural que os militares chineses operem na região do Indo-Pacífico, da mesma forma que os EUA têm o direito de conduzir suas operações dentro da legalidade. O problema é que Pequim reivindica a maior parte do Mar do Sul da China, e insiste que aeronaves e navios militares dos EUA e de seus aliados, não são bem-vindos naquela área. Os EUA, por sua vez, não reconhecem as extensas reivindicações territoriais chinesas, e reitera que o RC-135 da USAF estava operando em espaço aéreo internacional.
O Secretário Austin está preocupado com o aumento da atividade militar chinesa, muitas vezes de forma “provocativa”, como ele afirmou. Os EUA têm buscado negociações militares de alto nível com a China, visando arrefecer as tensões, no entanto há pouco avanço.
Durante uma reunião realizada em 14 de novembro de 2022, em Bali, na Indonésia, o presidente Biden destacou ao seu homólogo chinês Xi Jiping, a importância de evitar conflitos e manter linhas de comunicação abertas. Desta forma, o secretário de Estado, Antony Blinken, deve visitar a China em fevereiro .
Em 1º de abril de 2001 ocorreu o mais grave incidente diplomático entre os EUA e a China, envolvendo o encontro de aeronaves na região Indo-Pacífico. Naquele dia, um avião de inteligência eletrônica EP-3 da Marinha dos EUA e um caça J-8 da Marinha Chinesa colidiram em voo sobre o Mar da China Meridional, causando a morte do piloto chinês e a prisão dos 24 tripulantes do avião norte-americano após um de emergência – não autorizado – no Aeródromo de Lingshui, na ilha chinesa de Hainan. Depois de onze dias de negociações, os militares foram americanos liberados e o EP-3 foi entregue completamente desmontado, conforme exigido pelo governo chinês.
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