

Voo da FAB para resgatar ex-primeira dama do Peru custou R$ 345 mil aos contribuintes. Sete meses após o questionável voo de resgate de Nadine Heredia, esposa do ex-presidente peruano deposto por corrupção, Ollanta Humala, dados ,os custos da operação foram divulgados após o Ministério da Defesa ser questionado pelo Congresso.
O Ministério da Defesa confirmou, no dia 14 de novembro, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastou R$ 345.013,56 na operação que trouxe a ex-primeira-dama do Peru para o Brasil. A informação foi enviada em resposta a um requerimento apresentado pelo líder do Novo na Câmara, Marcel Van Hattem (Novo-RS).
Relembrando o caso
Nadine Heredia, esposa do ex-presidente peruano Ollanta Humala, solicitou asilo político na embaixada do Brasil em Lima, no mesmo dia após ser condenada a prisão por corrução e seu envolvimento com a conhecida “Operação Lava-Jato” e a assinatura de contratos suspeitos com empresas brasileiras, como a Odebrecht.

Nadine e Humala foram condenados a 15 anos de prisão por receberem doações ilícitas de US$ 3 milhões da empreiteira brasileira Odebrecht durante as campanhas eleitorais de 2006 e 2011. O pedido de asilo incluiu o argumento de perseguição política no processo judicial no Peru. Humala foi preso imediatamente após a sentença e enviado para a prisão de Barbadillo, conhecida por abrigar outros ex-funcionários peruanos envolvidos em casos de corrupção.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva imediatamente concedeu asilo político a ela e seu filho, em uma decisão questionável e de clara interferência no sistema judiciário de outro país. A missão de resgate foi formalizada pelo ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, após solicitação do próprio Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
No mesmo dia 15 de abril, o Embraer VC-99C, matrícula 2560, do 2º Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado na Base Aérea de Brasília, foi acionado com três pilotos, um mecânico e dois comissários de bordo. Utilizando o indicativo de chamada no rádio “BRS 2560”, o voo saiu de Brasília (SBBR) às 22h45 com destino a Cuiabá (SBCY), onde aguardou a autorização para seguir até o Aeroporto de Lima (SPJC), onde pousou às 02h45 da madrugada (horário local) de 16 de abril. Após pouco mais de duas horas de solo, decolou para SBCY às 04h20 e após para SBBR, onde pousou às 11h40.

O voo teve uma repercussão muito negativa na mídia. Apesar disso, o governo federal decidiu impor sigilo de cinco anos sobre os custos da missão. O pedido de acesso, feito por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) de junho de 2025 por parlamentares e imprensa, mas inicialmente foi negado pela Força Aérea Brasileira. Conforme a resposta assinada e divulgada a época pelo Comando da Aeronáutica, os dados foram classificados como estratégicos, no entanto o governo não apresentou justificativa técnica que explicasse essa atitude.
O Tribunal de Contas da União (TCU), inclusive, abriu processo para investigar o sigilo de cinco anos aplicado sobre os gastos da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer a ex-primeira-dama peruana ao Brasil. A justificativa a época do Ministério das Relações Exteriores para o asilo foram apresentadas em nota:
“A senhora Heredia foi submetida a uma cirurgia grande e grave recentemente, relacionada à coluna cervical, e está em recuperação. Ela também tem um filho menor de idade, que ficaria desassistido, tendo em vista que seu marido está detido. A concessão de asilo diplomático é prática tradicional do Brasil e da nossa região”.
Passados exatos sete meses aliados a pressão política e do TCU, os dados vieram a tona após o pedido do Deputado Marcel Van Hatten. Em documento do Comando da Aeronáutica, o custo operacional total da viagem foi de R$ 345.013,56 aos cofres públicos brasileiros, sendo R$ 318.019,20 de logística; R$7.547,62 de diárias para os tripulantes e R$19.456,74 em taxas aeroportuárias (handling). Eis as repostas completas do COMAER abaixo.

“FAB se prestando ao papel de piloto de fuga da primeira-dama peruana condenada por corrupção, a mando do próprio chanceler Mauro Vieira e do presidente Lula, será lembrado como um dos episódios mais infames da história latino-americana. Desonra que o povo brasileiro não merecia”, publicou a Transparência Internacional nas redes sociais.
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