USAF irá criar réplica 3D do F-16. A USAF divulgou em 5 de julho que planeja desmontar e fazer varreduras digitais em 3D de dois caças Lockheed Martin F-16, sendo um monoplace e outro biplace, desativados e estocados no 309th Aerospace Maintenance and Regeneration Group (309th AMARG) situado na Davis-Monthan AFB, deserto do Arizona. O objetivo é simples: é criar especificações precisas de peças e da fuselagem da aeronave para que possam ser reproduzidos componentes no futuro. A USAF acredita que ter um “gêmeo digital” do F-16 ajudará a reduzir os custos futuros de manutenção e de modernização.
O escritório do programa Air Force Life Cycle Management Center’s F-16 da USAF está patrocinando o projeto por meio de um contrato com o Instituto Nacional de Pesquisa de Aviação da Universidade Estadual de Wichita, no Kansas. Esse instituto de pesquisa também criará modelos 3D de alguns dos componentes maiores da aeronave, como o controle ambiental, sistemas hidráulicos e de combustível.
“Nosso objetivo é criar um modelo 3D em escala real da aeronave, com exceção do motor”, disse o Primeiro-Tenente Connor Crandall, gerente do programa de “gêmeos digitais” no escritório do programa F-16. “Os dados serão usados para ajudar a resolver a futura obsolescência de peças e mitigar os riscos da cadeia de suprimentos porque não teremos que depender de fontes e processos de fabricação. Teremos os modelos 3D e designs que podemos enviar aos fabricantes que escolhermos”.
Os dois F-16 serão desmontados no 309th AMARG, e após, deverão ser transportados para Wichita até 30 de setembro. A tentativa de criar uma réplica digital do F-16 vem em meio a um impulso da USAF para incentivar os fabricantes adotarem o software de “engenharia de sistemas baseada em modelos”, que permite a criação de um conjunto comum de projetos digitais para engenharia, manufatura e manutenção , bem como simulações de voo.
O F-16 foi desenvolvido muitos anos antes da introdução da engenharia de sistemas baseada em modelos, atingindo a capacidade operacional inicial em 1979, daí o esforço para digitalizar e replicar suas especificações em um modelo 3D. O serviço também lançou um esforço semelhante com a Wichita State University para criar uma réplica digital do bombardeiro supersônico Boeing B-1B Lancer em outubro de 2020.
A USAF também está promovendo a criação de gêmeos digitais para suas aeronaves que ainda não entraram em serviço. Em setembro de 2020, designou seu novo treinador de jato avançado, o Boeing T-7A Red Hawk, com um prefixo “e” para enfatizar a importância do uso de engenharia de sistemas baseada em modelos 3D.
A USAF tem procurado maneiras de quebrar o chamado “bloqueio do fornecedor”. Um problema real, em que um determinado serviço tem apenas um fornecedor para um componente, programa de software ou aeronave. Os fornecedores costumam usar esse poder de monopólio para aumentar o custo de manutenção da frota.
Ao ter seu próprio conjunto de especificações digitais, o serviço poderia, em teoria, forçar vários fabricantes a competir para fornecer peças. Também poderia trazer algum trabalho de MRO internamente, por exemplo, fazendo com que seus grupos de manutenção usassem impressoras 3D para recriar peças.
O contrato de trabalho de MRO para o F-16 é significativo. A USAF tem uma frota de 1.017 caças F-16C/D em serviço. E, o tipo é o caça mais utilizado no mundo, com 2.964 exemplares em operação em todo o mundo. No entanto, apesar de ser o maior destinatário do trabalho de MRO do F-16, a Lockheed Martin está participando do esforço de engenharia digital. Isto tem uma explicação. Um modelo digital também pode ajudar a USAF e a Lockheed a atualizar o F-16 com novas armas, peças aprimoradas e atualizar os componentes eletrônicos com mais rapidez, o que poderá significar novas vendas.
@CAS