USAF desativou os bimotores RC-26B. Como esperado, nos últimos dias de 2022 a Guarda Aérea Nacional dos Estados Unidos (ANG) retirou de serviço os últimos bimotores RC-26B ativos na frota da USAF. O voo final foi realizado em 28 de dezembro, no Aeroporto Regional de Dane-Truax Field, sede da 115th Fighter Wing da ANG, em Madison, Winscosin.
Conforme noticiamos recentemente, a USAF acelerou o descomissionamento dos RC-26B, causando surpresa nas Unidades e na comunidade (detalhes aqui). Equipados com uma tecnologia eletro-óptica de primeira geração e alguns sensores modernizados, os envelhecidos RC-26B, operados desde 1992, estão sendo superados por modernos Sistema Aéreo Não Tripulado (UAS) MQ-9 Reaper e avançados serviços de satélites.
No dia seguinte ao derradeiro voo, o RC-26B da 115th FW, Código “504” (matrícula 91-0504), foi observando realizando um voo com o indicativo de chamada “PAT”. Esse código é utilizado pelo Exército dos EUA, e identifica uma operação de “Transporte Aéreo Prioritário” (Priority Air Transport). Provavelmente o bimotor foi transferido ao Exército.
Da mesma forma ocorreu com o RC-26B, matrícula 92-0373, que dias antes, em 21 de dezembro, havia sido entregue para a Marinha dos EUA. Nos primeiros dias de 2023 ele foi visto operando próximo ao Havaí.
História e versões
O projeto RC-26B começou em 1989, em resposta às necessidades da Guarda Aérea Nacional do Texas e Califórnia para uma aeronave de vigilância antidrogas. A opção foi converter alguns bimotores utilitários C-26B – uma versão militar baseada na aeronave civil Fairchild Swearingen SA-227 Metroliner – em plataformas de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR).
Inicialmente as aeronaves foram designadas como C-26B (Counter-Drug) ou C-26B(CD), e somente em 2005 foram redesignadas RC-26B. Sua tripulação típica era composta por três pessoas – piloto, copiloto e operador de sensor – apoiados por um componente de solo, retirado de um esquadrão de inteligência da Guarda Aérea Nacional. Eventualmente em missões antinarcóticos, um agente ou policial também costumava estar a bordo.
A frota foi dividida em duas configurações básicas: o RC-26B Bloco 20 e o Bloco 25R. O Bloco 20s tinha uma torre de sensores com câmeras eletro-ópticas coloridas e câmeras infravermelhas, sendo que as imagens podiam ser transmitidas em tempo real para as equipes no solo. Para isso era utilizado o sistema Receptor de Vídeo Operado Remotamente (ROVER) dos militares dos EUA ou do próprio datalink Dragoon do RC-26.
Os Blocos 25R por sua vez, foram adicionalmente equipadas com equipamentos de inteligência de sinais (SIGINT) para localizar e ouvir as comunicações de interesse, abrindo o potencial para missões no exterior. Assim o RC-26B Block 25R voou em missões de rastreamento de terroristas no Iraque e no Afeganistão.
Diferentes configurações de sensores foram implantadas nos RC-26B, incluindo um grande pod sob a fuselagem equipado com um radar de abertura sintética. Ultimamente, a Guarda Aérea Nacional passou a modificar seus RC-26Bs para um padrão comum, conhecido como Bloco 25R+, para tornar toda a operação mais simplificada e eficiente. Essa configuração também incluiu sensores de torre aprimorados, eletrônicos atualizados e matrizes de antenas, além do link de dados Link 16, embora não esteja totalmente claro até que ponto o esforço progrediu.
De acordo com o banco de dados da Scramble Magazine, eram onze RC-26B que estavam na frota da USAF no final das operações:
90-0529 (194th FS/Califórnia ANG);
91-0504 (176th FS/Wiscosin ANG);
92-0369 (162nd FW/Arizona ANG);
92-0372 (162nd FW/Arizona ANG);
92-0373 (153rd ARS/Mississipi ANG);
94-0260 (194th FS/Califórnia ANG);
94-0261 (111st RS/Texas ANG);
94-0262 (162nd FW/Arizona ANG);
94-0263 (162nd FW/Arizona ANG);
94- 0264 (sem marcações);
94-0265 (130th AS/West Virgínia ANG).
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