USAF confirmou motivo da missão do WC-135R na costa brasileira. A USAF confirmou o motivo da longa missão que seu mais novo WC-135R Constant Phoenix recentemente realizou sobre o Oceano Atlântico, ao largo da costa brasileira, principalmente. Essa foi a primeira missão internacional da mais novo WC-135R do 45th Reconnaissance Squadron, conhecido como “snuke sniffer” (“farejador nuclear”).
Conforme noticiamos anteriormente, o WC-135R matrícula 64-14836, realizou um voo de mais de 16 horas, utilizando o código de chamada no rádio “MILLER 36”, e tendo como ponto de partida e chegada o Aeroporto Internacional Luis Muñoz Marin, em San Juan, Porto Rico. Um avião-tanque KC-10A Extender participou da operação, em apoio de reabastecimento em voo ao WC-135R.
De acordo com a USAF, a missão realizada em 16 de janeiro, ocorreu em coordenação com o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM). A rota planejada percorreu o Mar do Caribe e o Oceano Atlântico, ao longo das costas da Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil, de onde retornou à Porto Rico. Toda a missão ocorreu em espaço aéreo internacional.
“Esta foi a primeira implantação ‘OCONUS’ do #836 [“Outside the CONtinental United States, ou “fora do território continental dos EUA”]. A aeronave recebeu mais de 90.000 libras de combustível (cerca de 41 toneladas) – o maior reabastecimento em voo do #836 desde que ele foi repassado para a 55th Wing, de Offutt AFB, Nebraska”, confirmou Susan Romano, Diretora de Relações Públicas do Air Force Technical Applications Center (AFTAC), ao portal The War Zone.
O motivo desta missão foi realizar uma “coleta básica de dados” (“baseline”), para obter amostras atmosféricas “limpas”, ou seja, livres de partículas nucleares. Esses dados servirão para formar o banco de dados com níveis de radiação consideradas normais, para que no futuro sejam utilizadas como padrão comparativo.
Conforme explicamos anteriormente, o WC-135 Constant Phoenix é uma plataforma altamente especializada, que realiza missões de pesquisa atmosférica coletando dados para monitoramento de partículas nucleares (por isso seu apelido “snuke sniffer” ou “farejador nuclear”). Eles são ferramentas importantes para obter informações da atmosfera após testes de armas nucleares ou acidentes radiológicos, acompanhando a propagação do material radioativo potencialmente perigoso.
Essa monitoração permanente é parte da aplicação do Tratado para Testes Nucleares de assinado em 1963, que proíbe aos seus signatários realizar testes de armas nucleares em ambiente aberto, no espaço ou debaixo d’água. A detecção subsequente de níveis elevados de radiação pode apontar para uma eventual violação do tratado, ou de países que não fazem parte desse acordo, além de outros eventos radiológicos.
“Esta foi a primeira surtida WC-135 na costa central da América do Sul em quase 30 anos. Voar em uma área geográfica diferente ajuda a estabelecer uma baseline de partículas atmosféricas, o que é importante para nossa missão básica”, disse a porta-voz do AFTAC ao The War Zone.
🇺🇸Boeing WC-135R Constant Phoenix MILLR36
— 360°Radar (@wipljw) January 16, 2023
🇺🇸McDonnell Douglas KC-10A Extender pic.twitter.com/gieWdWTtKV
A frota de WC-135 Constant Phoenix da USAF é muito pequena. Atualmente apenas uma aeronave está operando, exatamente o WC-135R, matrícula 64-14836, recebido em julho de 2022 (detalhes aqui). A segunda aeronave (WC-135R), de três previstas, deveria ser entregue até o final do ano passado, mas não há informação se isso ocorreu. Os dois mais antigos jatos equipados com obsoletos motores TF-33 foram aposentados em 2020 (WC-135C) e 2022 (WC-135W).
A tripulação típica de missão do WC-135 “snuke sniffer” é composta por aviadores do 45th RS, subordinados à 55th Wing de Offut AFB, responsáveis pelo voo em si, e por militares-técnicos do 21st Surveillance Squadron, do Air Force Technical Applications Center (AFTAC), responsáveis pela operação e manutenção dos sensores e equipamentos de coleta de dados atmosféricos.
“Estou extremamente orgulhoso dos aviadores que executaram esta surtida. É preciso muita colaboração para coordenar todos os envolvidos nessas operações. Esta missão é importante não só para os Estados Unidos, mas para nossos aliados e para o mundo, que se beneficia das análises de partículas atmosféricas do AFTAC. Agradeço ao SOUTHCOM por todo seu apoio”, disse o Coronel James A. Finlayson, Chefe do AFTAC, em comunicado ao The War Zone.
@FFO