USAF abateu o balão-espião chinês sobre o Oceano Atlântico. Os militares dos EUA abateram no sábado (04/02) o suposto balão-espião chinês quando sobrevoava o mar, na costa da Carolina do Sul. A ação ocorreu por ordem direta do presidente Joe Biden, depois que o artefato atravessou diversos locais militares sensíveis da América do Norte, tornando-se o mais recente ponto de tensão entre Washington e Pequim.
De acordo com a agência Associated Press (AP), o presidente Biden queria que o balão fosse derrubado ainda na quarta-feira (01/02), mas foi avisado de que o melhor momento para a operação seria quando estivesse sobre a água. Oficiais militares determinaram que derrubá-lo sobre o continente representaria expôr a população à um risco desnecessário.
No sábado (04/02), por volta das 14h40 (horário local), quando o misterioso balão estava a cerca de onze quilômetros sobre o Oceano Atlântico, na altura de Myrtle Beach, na Carolina do Sul, um caça F-22 Raptor disparou um míssil, derrubando o artefato sobre a água.
A Marinha e a Guarda Costeira isolaram a área para recuperar os destroços do balão que voava a uma altitude de 60 mil pés (18 km) e tinha o tamanho estimado de três ônibus escolares.
O presidente Biden cumprimentou os envolvidos na operação: “Eles derrubaram com sucesso e quero saudar nossos aviadores que o fizeram”, disse Biden ao desembarcar do Air Force One, à caminho de Camp David.
A operação aérea para neutralizar o bólido envolveu diversos órgãos estaduais e federais, aeronaves e embarcações. Em preparação, a FAA (Federal Aviation Administration ) fechou temporariamente o espaço aéreo na região, incluindo os aeroportos de Charleston e Myrtle Beach, na Carolina do Sul e Wilmington, na Carolina do Norte, que tiveram seus voos desviados ou cancelados.
A Marinha enviou para a região os navios USS Oscar Austin, USS Philippine Sea e USS Carter Hall, além de uma aeronave P-8 Poseidon (código-rádio TIGER 09). A Guarda Costeira enviou embarcações e um avião SAR HC-130J Hércules.
A USAF acionou dois caças F-22 Raptor do 149th Fighter Squadron da Base Aérea de de Langley (código-rádio FRANK 01 e FRANK 02), dois F-15 Eagle da Guarda Aérea Nacional de Barnes, Massachusetts (EAGLE 01 e EAGLE 02), além de dois aviões-tanque KC-135R de Birmingham (GASMN02) e de Meridian (ABATE98).
Autoridades de defesa dos EUA confirmaram que o F-22 Raptor disparou um único míssil AIM-9X Sidewinder a uma altitude de 58.000 pés, para atingir e neutralizar o balão que voava a aproximadamente 62 mil pés.
Curiosamente o código-rádio “FRANK” utilizado pelos F-22 na missão, foi cuidadosamente escolhido em homenagem à Frank Luke Jr., um Ás da caça norte-americana da Primeira Guerra Mundial. Ele ficou conhecido como “Arizona Balloon Buster”, pois teria abatido nada menos que 14 balões de vigilância dos alemães.
Autoridades dos EUA monitoraram o deslocamento do desde o dia 28 de janeiro, quando foi observado acessando a Zona de Defesa Aérea dos EUA ao norte das Ilhas Aleutas. Desde então, ele sobrevoou o Alasca, Canadá, e os estados de Idaho e Montana, justamente sobre três silos de mísseis nucleares da Base Aérea de Malmstrom. Durante todo esse deslocamento, foram coletados dados sobre o balão e sua possível origem chinesa.
A China, por sua vez, não negou que o artefato tinha função militar e alegou tratar-se de “um balão de pesquisas meteorológicas que se desviou da rota prevista”. A explicação chinesa foi imediatamente rejeitada pelo Pentágono, que também recebeu informações sobre um segundo “balão-espião chinês” sobrevoando a América Latina.
A situação levou ao cancelamento de uma visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken , a Pequim para conversas com o objetivo de reduzir as tensões EUA-China. No sábado, o governo chinês procurou minimizar o cancelamento. “Na verdade, os EUA e a China nunca anunciaram conjuntamente qualquer visita. Os americanos fazem o seu anúncio, e nós respeitamos isso”, disse o Ministério das Relações Exteriores da China em um comunicado na manhã de sábado.
A China negou qualquer alegação de espionagem, e disse que é um balão de uso civil destinado a pesquisas meteorológicas. O Ministério das Relações Exteriores enfatizou que o balão saiu do seu controle e instou os EUA a não “manchá-los por causa dessa situação”.
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