US Navy pretende resgatar o F-35C acidentado do fundo do Mar da China. A Marinha dos EUA (USN – US Navy) está tentando recuperar o seu F-35C das profundezas do Mar da China Meridional, uma operação extremamente complexa que, segundo analistas, será observada de perto por Pequim. O caça furtivo de quinta geração, sofreu um acidente no dia 24/01, enquanto tentava pousar no porta-aviões USS Carl Vinson (CVN 70).
Durante a aproximação para pouso, o piloto do caça de aproximadamente US$ 100 milhões, bateu na quina do convés na popa do porta-aviões, vindo a deslizar por toda a pista e mergulhar no mar pela proa do navio. O piloto conseguiu ejetar com sucesso, porém o jato descontrolado atingiu seis marinheiros no convés de voo (convoo) do Carl Vinson.
Os danos ao porta-aviões foram apenas superficiais, e a esquadra retomou as operações normais. Agora a USN enfrenta a difícil tarefa de tentar retirar o F-35C da grande profundidade do Mar da China, em uma das águas mais disputadas do planeta. “A Marinha dos Estados Unidos está fazendo todo o planejamento para as operações de recuperação da aeronave F-35C envolvida no acidente no USS Carl Vinson”, disse o Tenente Nicholas Lingo, porta-voz da Sétima Frota , em entrevista à CNN na quarta-feira (26/01).
Embora a USN não tenha divulgado a localização do acidente, o Mar da China Meridional é um território marítimo reivindicado por Pequim. Cerca de 3,3 milhões de quilômetros quadrados são constantemente patrulhados por embarcações da Marinha e Guarda Costeira chinesa, que tem reforçado a sua presença construindo e militarizando recifes e ilhas naquela área.
Os EUA questionam essas reivindicações territoriais chinesas, e constantemente deslocam seus navios de guerra para a região, a fim de promover a defesa de uma região “Indo-Pacífico livre e aberta”. Pequim não fez comentários sobre o acidente com o jato norte-americano, mas analistas internacionais acreditam que muito provavelmente os chineses vão querer dar uma olhada no F-35 desaparecido.
“A China tentará localizá-lo usando submarinos e submersíveis de alto mar”, disse Carl Schuster, ex-Capitão da USN e ex-Diretor de Operações do Centro Conjunto de Inteligência do Comando do Pacífico dos EUA, no Havaí. “A China pode reivindicar direitos de salvamento com base em suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China. O resgate do avião com meios comerciais e da guarda costeira permitirá que Pequim afirme que está recuperando equipamentos potencialmente perigosos para o meio ambiente, ou equipamentos militares estrangeiros de suas águas territoriais””, ressaltou Schuster.
Schuster acredita que a USN manterá alguma presença na área onde acredita que os destroços estejam, em uma operação que poderá durar meses, dependendo da profundidade onde repousa o F-35C. Os navios de resgate dos EUA levam de 10 a 15 dias para chegar ao local, e a recuperação poderá levar cerca de 120 dias, disse o ex-oficial.
Mas tal operação apresentaria riscos políticos, disse Collin Koh, pesquisador da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam, em Singapura. “Fazer isso abertamente poderá agravar as tensões com os Estados Unidos. Não acho que Pequim tenha estômago para isso. No entanto, podemos esperar que os chineses monitorem muito de perto qualquer operação de resgate americana”, disse Koh.
Questionados se os EUA poderiam simplesmente destruir os destroços com um torpedo ou carga explosiva, os analistas disseram que isso era improvável. “Minha pergunta é se realmente há algum material potencialmente importante entre os destroços espalhados no fundo do mar e que poderão ser recuperados por qualquer parte interessada”, disse Koh.
Esse é o terceiro acidente no mar com os caças furtivos produzidos pelos EUA. Em 2019, um F-35A japonês caiu no Pacífico, deixando preocupações de que pudesse ser alvo da inteligência russa e chinesa. Mas apenas pequenos fragmentos foram recuperados pelo Japão, que comunicou que o jato teria atingido a água em alta velocidade, causando sua destruição total.
Em novembro do ano passado, um F-35B britânico caiu no Mediterrâneo ao tentar decolar do do seu porta-aviões HMS Queen Elizabeth. No início deste ano, o Ministério da Defesa do Reino Unido confirmou a recuperação do caça, aliviando as preocupações de que a Rússia estaria de olho nos destroços do avião.
A queda do F-35C da USN na água foi em baixa velocidade, deixando o jato relativamente inteiro, como mostramos uma imagem dele ainda boiando, logo após a queda. A questão agora é a profundidade que o avião repousa no leito do oceano, e quanto tempo será recuperado.
Fonte: GM
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