Último C-17 da USAF deixou Cabul encerrando quase 20 anos de operação americana no Afeganistão. O último avião da USAF deixou Cabul nesta segunda-feira (30/08), encerrando a operação de evacuação iniciada há cerca de duas semanas, e pondo fim a quase 20 anos de operação americana no Afeganistão. A informação foi divulgada pelo General Frank McKenzie, Comandante do US Central Command (CENTCOM), em uma entrevista coletiva à repórteres do Pentágono.
“Estou aqui para anunciar a conclusão da nossa retirada do Afeganistão e o fim da missão militar para evacuar cidadãos americanos, afegãos vulneráveis e de outros países”, disse McKenzie por teleconferência, a partir do seu Quartel-General, em Tampa, Flórida.
“O último C-17 decolou do Aeroporto Internacional Hamid Karzai na tarde de 30 de agosto, às 15h29, horário da Costa Leste, sendo a última aeronave tripulada a deixar o espaço aéreo do Afeganistão”
O C-17A, matrícula AF 07-7185, código-rádio “MOOSE94”, decolou de Cabul transportando entre os últimos evacuados do país, o Major-General do US Army Chris Donahue, Comandante das tropas em Cabul, e o Embaixador dos EUA no Afeganistão, Ross Wilson. “Era apropriado que os líderes do Estado e da Defesa saíssem juntos”, disse McKenzie.
A decolagem do “MOOSE94” pôs fim não só a operação de evacuação, mas também a quase 20 anos de missão dos EUA no Afeganistão, iniciada logo após 11 de setembro de 2001. Nessas quase duas décadas, os C-17 tiveram papel de protagonista do início ao fim da operação. Em 07 de outubro de 2001, enquanto o Pentágono anunciava que os militares americanos caçavam a Al Qaeda e os líderes do Talibã que protegiam Osama bin Laden, os aviões C-17 transportavam rações humanitárias para a população de afegãos famintos.
“Foi uma missão que acabou com Osama bin Laden, junto com muitos de seus co-conspiradores da Al Qaeda, mas que não foi barata”, disse o General McKenzie.
Nesses quase 20 anos, mais de 800.000 militares americanos e 25.000 civis serviram no Afeganistão. Um total de 2.461 militares e civis dos EUA foram mortos e mais de 20.000 ficaram feridos, incluindo os 13 militares mortos na semana passada por um homem-bomba do grupo radical Khorasan.
“Nenhuma palavra dita poderia expressar todos os sacrifícios, conquistas e emoções que estou sentindo neste momento. Estou orgulhoso por meu filho e eu termos participado disso”, acrescentou o Oficial General.
Enquanto a evacuação militar é concluída, a missão diplomática continua, para garantir que mais cidadãos americanos e afegãos possam deixar o país, a partir de agora.
Esta foi a maior operação de evacuação de não combatentes já conduzida pelas Forças Armadas dos EUA. O presidente Joe Biden ordenou o início da operação em 14 de agosto, e desde então, aeronaves militares americanas evacuaram mais de 79.000 civis do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, incluindo 6.000 cidadãos americanos e mais de 73.500 afegãos e de outros países.
“No total, as aeronaves dos Estados Unidos e da coalizão evacuaram mais de 123.000 civis, todos habilitados por membros do serviço militar dos EUA, que estavam protegendo e operando o campo de aviação”, disse McKenzie.
O General elogiou os mais de 5.000 militares que possibilitaram esta operação. O número de pessoas evacuadas representou uma realização monumental, possibilitada pela “determinação, coragem, flexibilidade e profissionalismo dos homens e mulheres das forças armadas dos EUA, e dos nossos parceiros de coalizão, que foram capazes de combinar esforços rapidamente para apoiar a evacuar tantos, sob condições tão difíceis”, disse McKenzie.
As contribuições da coalizão foram inestimáveis, e McKenzie citou o exemplo da contribuição da Noruega, que manteve um hospital aberto durante a evacuação, que foi fundamental para cuidar de alguns dos feridos do ataque do ISIS.
A situação estava muito complicada em Cabul, com os planos mudando diariamente. Uma das opções planejadas era trabalhar com um aliado no governo afegão, pensando que as províncias cairiam nas mãos do Talibã, mas a capital permaneceria sob o governo constituído. Finalmente, ficou claro que isso não estava acontecendo, e que o governo estava colapsando, e as forças de segurança afegãs desistindo.
Trabalhando em conjunto com funcionários interagências e com parceiros internacionais, os responsáveis do US Central Command pelos planejamentos das operações, atuavam instantaneamente, pré-posicionando as as aeronaves de acordo com a situação da hora.
O próprio General McKenzie participou de uma reunião com representantes do Talibã em Doha, no Catar, onde foi dito a eles que, se o grupo interferisse na operação de evacuação dos civis, haveria consequências graves.
E eles cumpriram a missão. “Os últimos 18 dias foram desafiadores”, disse McKenzie. “Os americanos podem se orgulhar dos homens e mulheres das forças armadas que enfrentaram esses desafios de frente.”
Fonte: DoD
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