O UK vai usar militares para proteger seus territórios. O jornal britânico The Telegraph publicou em sua edição de 15 de março, dados de documentos do Ministério da Defesa do Reino Unido (MoD UK) que terim sido vazados. Entre os documentos, um deles se destaca: “Global Britain in a Competitive Age” (“Grã-Bretanha Global em uma Era Competitiva”). Em 100 páginas, ele detalha e define como o UK protegerá os territórios ultramarinos, “dissuadindo e defendendo contra ameaças estatais e não estatais”.
Nestes documentos o Primeiro Ministro Boris Johnson também se compromete em nome da política externa, a defender as Malvinas e Gibraltar com meios militares. Ele acrescenta que as Forças Armadas irão “deter e desafiar as incursões nas águas do Território Britânico de Gibraltar” e “manter uma presença permanente nas Ilhas Falklands, na Ilha de Ascensão e no Território Britânico do Oceano Índico”.
A estratégia também diz que serão feitos “investimentos significativos nas na base de Akrotiri – Chipre”, que “garantirá nossa capacidade de contribuir para a segurança com aliados no Mediterrâneo Oriental”.
Outro ponto do documento diz a respeito de Gibraltar, justo num momento de elevada tesão com a Espanha. Recentemente, membros do partido espanhol Vox, do Parlamento da Andaluzia solicitaram o governo de Madri a descartar o acordo pós-Brexit assinado entre o Reino Unido e a Espanha, pedindo que Gibraltar fosse “libertada” do UK, tornando-se parte da Espanha ou independente. The Rock ou a Rocha, como é conhecida, tem sido um ponto de discórdia entre a Grã-Bretanha e a Espanha por séculos, com os governos espanhóis buscando a soberania compartilhada nos últimos anos. A Espanha envia regularmente navios de guerra para águas territoriais em torno de Gibraltar, o que é visto como um ato de agressão. Inclusive sendo mencionado no documento recentemente vazado, com a observação: “é preciso providências mais eficazes!”
No ano passado, o próprio The Telegraph revelou que a Espanha havia feito lobby secreto, pressionando os congressistas Americanos a apoiarem um plano para retirar da Grã-Bretanha a soberania exclusiva sobre Gibraltar, meses após a votação do Brexit.
Já para os Kelpers – nativos das ilhas Falklands, Boris Johnson afirma que jamais permitirá um 1982, referindo-se a Guerra das Malvinas/Falklands que completa 40 anos no ano que vem. A fala veio depois que a Argentina renovou sua campanha para reivindicar as ilhas no ano passado, nomeando um ministro específico para as Malvinas e fazendo forte lobby nas Nações Unidas.
No documento vazado, o governo diz que vai gastar “£ 6,6 bilhões nos próximos quatro anos em pesquisa e desenvolvimento em áreas como espaço, cibernética, tecnologias quânticas, biologia de engenharia, armas de energia dirigida e mísseis”. Também detalha a nova estratégia espacial nacional, que desenvolverá uma “consciência do domínio espacial”. Isso usará “sensoriamento integrado no espaço e no solo para rastrear detritos espaciais, investigar incidentes no espaço e detectar, antecipar e atribuir atividades hostis”.
Um dos pontos importante é a garantia que os militares tenham “capacidades de ponta para promover os interesses do Reino Unido na Terra e no espaço. Para isto será aumentada a cooperação com aliados para garantir vantagem sobre adversários e também, o aumento do limite de ogivas nucleares de 180 para até 260, o que contraria sua própria determinação de 2010 – que determinou a redução de 225 para os atuais 180. Este aumento de certa forma denota uma preocupação com o cenário atual, onde conflitos regulares e irregulares crescem a todo momento. O documento também faz uma análise de potenciais desafios e ameaças. E “a maior ameaça de estado à Grã-Bretanha é a China”, ao mesmo tempo que acrescenta que “ligações comerciais mais profundas e mais investimento chinês” precisam ser ampliadas.
@CAS