Ucrânia usou drones soviéticos para atacar importantes bases aéreas em território russo. A Ucrânia realizou ontem (05/12), um dos seus ataques mais agudos em território russo, desde o início da guerra. Utilizando antigos drones soviéticos, os ucranianos atingiram duas importantes bases aéreas russas, Ryazan e Engels-2, situadas no interior do território inimigo. A informação foi confirmada pelo Ministério da Defesa da Rússia e pelo The New York Times, que ouviu um importante Oficial ucraniano.
Os drones usados neste ataque seriam antigos Tupolev Tu-141 Strizh (ou Tu-143 Reys), de origem soviética e que estão na frota da Força Aérea Ucraniana há mais de 40 anos. Pelo menos um desses ataques contou com a ajuda de forças especiais ucranianas estacionadas próximas à uma das instalações atingidas. A equipe forneceu orientação precisa para que os drones atingissem seus alvos, afirmou um Oficial ucraniano sob condição de anonimato.
O Tupolev Tu-141 é um drone de grande porte e longo alcance, desenvolvido pelos soviéticos no final dos anos 1970 para missões de reconhecimento, transportando câmeras, sensores e radares. Técnicos ucranianos converteram esses drones em mísseis de cruzeiro de longo alcance, colocando munições explosivas no lugar das câmeras. Voando a cerca de 950 km/h e uma altitude média de 20 mil pés, o Tu-141 tem um sistema de navegação inercial capaz de mantê-lo em rota bastante precisa por uma distância superior à 1.600 km.
Os ataques reafirmam a disposição de Kiev de levar a guerra para as bases militares russas, demonstrando pela primeira vez sua capacidade de alcançar distâncias cada vez maiores em território inimigo.
O Kremlin confirmou essas informações, salientando que as bases de Ryazan e Engels, situadas a cerca de 480 km da fronteira ucraniana, utilizaram suas baterias anti-aéreas para neutralizar os drones. Destroços caíram sobre os aeródromos, matando dois militares, deixando outros feridos e danificando levemente dois aviões.
A Base Aérea de Engels tem grande importância estratégica para as Forças Armadas da Rússia, pois é a sede de esquadrões de bombardeiros russos de longo alcance com capacidade nuclear, como os Tupolev 160 e Tupolev 95. Autoridades ucranianas dizem que de Engels partem os ataques de mísseis contra a infraestrutura civil do seu país, afetando serviços de energia, aquecimento ou água potável.
A outra explosão ocorreu na Base Aérea de Dyagilevo, em Ryazan, a cerca de 760 km da fronteira e a apenas 160 km de Moscou. Neste local que ocorreram as mortes e os feridos, informou a agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
Em revide, algumas horas após os ataques, mais de uma dúzia de bombardeiros russos decolaram de Engels lançando um massivo ataque de mísseis contra alvos estratégicos na Ucrânia. A defesa aérea ucraniana informou que derrubou cerca de 60 mísseis dos mais de 70 disparados. O Ministério da Defesa da Rússia disse em um comunicado que tinha como alvo usinas de energia nas regiões de Kiev, Vinnytsia e Odesa.
O governo ucraniano se recusou a reconhecer publicamente os ataques, seguindo seu costume de manter silêncio sobre tais missões militares e como aconteceu com outros ataques contra a Rússia e a Crimeia ocupada pelos russos. As bases atacadas estão além do alcance de qualquer míssil conhecido do arsenal da Ucrânia, portanto a hipótese dos drones soviéticos é plausível.
O assessor do presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, fez apenas um comentário sarcático sobre a operação: “A Terra é redonda: descoberta feita por Galileu. Se algo for lançado no espaço aéreo de outros países, mais cedo ou mais tarde esses objetos voadores não-identificados retornarão ao ponto de origem”, disse em suas redes sociais.
@FFO