Ucrânia usa mísseis ATACMS contra à Rússia, que alega ter interceptado todos com seus S-400. Na semana em que se completar 1000 dias do conflito Rússia-Ucrânia, o presidente americano autorizou o uso de mísseis de longo alcance pelo exército de Volodymyr Zelensky. O ataque feito no dia 19/11, teria sido anulado pelas forças do Vladimir Putin.
“Às 3:25 da manhã, as forças ucranianas lançaram seis mísseis ATACMS de fabricação norte-americana na região de Bryansk, na Rússia. Cinco mísseis foram interceptados pelos sistemas de defesa aérea S-400 e Pantsir, enquanto um foi danificado, com seus destroços caindo na área técnica de uma instalação militar, causando um incêndio”, afirmou um comunicado de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
O presidente russo Vladimir Putin introduziu mudanças na doutrina nuclear do país, enfatizando significativamente o papel da dissuasão nuclear. Conforme as novas disposições, publicadas no site oficial do governo russo, qualquer ataque convencional à Rússia apoiado por uma potência nuclear será considerado um ato combinado de agressão. Esta decisão foi anunciada em meio a tensões crescentes com o Ocidente, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos EUA.
O documento ressalta que ataques usando mísseis convencionais, drones ou outros sistemas não tripulados podem cair no escopo de circunstâncias que podem desencadear uma resposta nuclear. Moscou também esclareceu que ações de estados-membros de alianças ou coalizões serão consideradas agressão coletiva se direcionadas contra a Rússia.
Segundo o Kremlin, o objetivo dessas mudanças é ressaltar a seriedade do arsenal nuclear da Rússia e sua prontidão para retaliar quaisquer ameaças à soberania do país ou à segurança de seus aliados.
A advertência veio novamente a tona um dia após o Presidente Americano John Biden autorizar o uso de mísseis balísticos táticos MGM-140 Army Tactical Missile System (ATACMS), fabricados pela Lockheed Martin. O ATACMS tem alcance de 300 km com uma carga explosiva de 274 kg. Ele é lançado de sistemas como M142 High Mobility Artillery Rocket System (HIMARS) ou M270 e segue uma trajetória quase balística, o que o torna difícil de detectar e interceptar.
O míssil atinge velocidades de Mach 3–4 e pode manobrar em voo para escapar de sistemas de defesa aérea. Ao mesmo tempo, sua alta velocidade e janela de reação curta representam um desafio significativo para qualquer sistema de defesa de mísseis.
O conflito na Ucrânia levou a uma deterioração sem precedentes nas relações entre Moscou e as nações ocidentais, evocando comparações com os momentos tensos da Crise dos Mísseis de Cuba de 1962. Agora que as entregas de armas dos EUA atingiram um novo nível, a Rússia parece determinada a reforçar sua posição de que quaisquer medidas contra ela resultarão em consequências severas.
O sistema de defesa aérea S-400 “Triumf” e o míssil balístico tático ATACMS representam duas das ferramentas militares mais avançadas, projetadas para funções distintas, mas interconectadas no combate moderno.
A declaração do Mistério das Forças Armadas Russos de que o S-400 interceptou um míssil ATACMS é uma demonstração significativa das capacidades do sistema, se confirmada. Examinar as especificações técnicas de ambos os sistemas e analisar o cenário potencial para tal interceptação é essencial para entender as possibilidades e limitações de tal operação.
O S-400 é um sistema de defesa aérea multicamadas com alcance de até 400 km, capaz de atingir alvos em altitudes de até 30 km. Ele é equipado com vários tipos de mísseis, incluindo o 48N6, 9M96 e o mais novo 40N6, cada um projetado para tipos específicos de alvos, como aeronaves, mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos e até drones de baixa altitude.
O principal ativo do S-400 é seu sistema de radar integrado com detecção de longo alcance e alta precisão, capaz de rastrear alvos balísticos a centenas de quilômetros de distância. Mísseis balísticos como ATACMS são particularmente desafiadores de interceptar devido à sua alta velocidade e pequena assinatura de radar, mas essa capacidade é uma prioridade para o S-400.
Interceptar um ATACMS com o S-400 requer uma combinação precisa de fatores. O primeiro é a detecção precoce — os radares do S-400 devem identificar o lançamento quase imediatamente para calcular a trajetória do míssil. Isso é viável graças à capacidade do sistema de detectar objetos balísticos de alta velocidade.
O segundo fator é selecionar um míssil interceptador apropriado — provavelmente o 48N6 ou 40N6 — que atinja o alvo a tempo. O terceiro é calibrar o sistema de controle de tiro, que deve calcular não apenas a trajetória do ATACMS, mas também potenciais manobras evasivas nas fases finais de voo do míssil.
Uma possível razão para uma interceptação bem-sucedida poderia ser a altitude onde o ATACMS estava viajando — se a trajetória fosse relativamente alta [acima de 15 km], isso permitiria que o S-400 utilizasse todo o potencial de seus mísseis de longo alcance.
Além disso, o tempo de reação e a coordenação com outros elementos da defesa aérea da Rússia, como radares de vigilância de longo alcance ou outros sistemas, provavelmente desempenharam um papel crucial. Embora o ATACMS seja poderoso, não é impossível interceptá-lo, especialmente com tecnologias modernas de defesa de mísseis.
A Rússia alegou que seus sistemas de defesa antimísseis interceptaram com sucesso cinco mísseis ATACMS disparados contra seu território, enquanto um sexto foi danificado no ar, com destroços causando uma explosão em um depósito de munição na região de Bryansk. À primeira vista, isso parece uma vitória para as defesas aéreas russas, mas uma análise mais profunda sugere que tal alegação pode ter outro papel no contexto estratégico atual.
A possibilidade de exagero ou manipulação de fatos neste caso não pode ser descartada. Sistemas como o S-400 e o S-500 têm a capacidade de interceptar mísseis com trajetórias balísticas, mas alcançar sucesso completo em tal operação continua difícil. Se a alegação de interceptação for, mesmo que parcialmente, falsa, ela pode ser vista como uma “mentira branca” que permite à Rússia evitar o confronto direto com a OTAN, mantendo sua imagem de força militar.
A situação atual demonstra como o conflito na Ucrânia transcendeu a guerra tradicional, evoluindo para uma interação complexa de estratégias de comunicação e dissuasão nuclear. A Rússia parece estar se equilibrando no limite entre escalada e contenção, tentando projetar força sem cruzar a linha para consequências irreversíveis.
@CAS