Ucrânia: UE nega envio de caças para a Força Aérea Ucraniana. Ao contrário do que foi amplamente divulgado nesta semana, o Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse na terça-feira (01/03) que os membros da União Europeia (UE) não emprestarão caças para a guerra na Ucrânia. A afirmação vem após dias de trocas de mensagens contraditórias de autoridades da Europa.
“Os aliados da OTAN fornecem para a Ucrânia diferentes tipos de apoio militar: materiais, armas antitanque, sistemas de defesa aérea, equipamentos militares, ajuda humanitária e também apoio financeiro. Mas a OTAN não deve fazer parte do conflito”, disse Stoltenberg durante uma visita com o presidente polonês Andrzej Duda, na Base Aérea de Łask. “A aliança não vai enviar tropas ou aviões para a Ucrânia”, acrescentou o Secretário.
Enviar jatos para a Ucrânia seria uma interferência militar da OTAN na invasão russa ao país vizinho, acrescentou o Presidente Duda. Caso este plano fosse concretizado, colocaria a Polônia e os países envolvidos em alto risco de se tornar alvos de ataques russos.
O porta-voz do Comando Aéreo Aliado da OTAN, Kevin Nieberg, se recusou a confirmar as informações do empréstimos de jatos. A USAF também não tem planos de enviar caças para repôr qualquer jato de aliados da OTAN oferecidos à Ucrânia, acrescentou.
“A Polônia e os aliados da OTAN estão aumentando seu apoio político e prático à Ucrânia, enquanto continua a se defender contra a invasão em grande escala da Rússia”, disse Nieberg.
A informação do envio dos jatos surgiu domingo (27/02), quando Alexandre Krauss, conselheiro sênior do Parlamento da UE, publicou uma mensagem em seu Twitter, afirmando que os jatos europeus chegariam à Ucrânia “dentro de uma hora”. Esse “tuíte” foi apagado recentemente.
O Chefe de Segurança da UE, Josep Borrell,, fez comentários no final de semana indicando que uma transferência de caças “estava em andamento”, mas não soube responder sobre quem iria financiá-la. Na segunda-feira (28), o politico citou um funcionário do governo ucraniano não identificado, que havia dito que os seus pilotos estavam na Polônia para “assumir a posse dos aviões de combates doados”.
Mais tarde, a UE recuou dos comentários de Borrell, dizendo que nenhuma decisão havia sido tomada sobre o envio de jatos.
“As necessidades ucranianas são terríveis. Nossos estados membros já estão fazendo muito e podem considerar o pedido de caças feito pelo [ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro] Kuleba ontem”, disse o porta-voz da UE, Nabila Massrali, à Air Force Times em um comunicado por e-mail na segunda-feira. Quando tais pedidos são aprovados, os militares da UE coordenam com os países membros as entregas de armas, munições e equipamentos, acrescentou Massrali.
A página oficial da Força Aérea Ucraniana no Facebook também postou uma mensagem elogiando a suposta adição de 70 aviões de três países próximos, apesar das negativas públicas de dois deles. Bulgária, Polônia e Eslováquia enviariam, respectivamente, 16, 28 e 12 jatos MiG-29, além de 14 Su-25 búlgaros, afirmou a postagem.
Além da recusa da Polônia, o governo eslovaco confirmou ao Defense News na terça-feira que não enviará caças para a Ucrânia. As autoridades búlgaras também descartaram a ideia.
“O Exército da Ucrânia percorreu um longo caminho, mas a Força Aérea e a Marinha ucraniana não”, disse Philip Breedlove, General aposentado da USAF e ex-Comandante Supremo Aliado da OTAN, que agora trabalha como consultor especialista em Europa. “Eles entraram nisso precisando de ajuda. Perderam aviões e agora precisam de mais ajuda.”
Antes do início da guerra, a frota da Força Aérea da Ucrânia era estimada em cerca de 51 caças MiG-29, 32 Sukhoi Su-27 Flanker e 17 Su-25 Frogfoot. Alguns deles já foram abatidos ou inutilizados em ataques.
A Associated Press informou na terça -feira (01) que o Ministério da Defesa do Reino Unido observou um aumento nos ataques aéreos em áreas urbanas nas últimas horas. As forças russas bombardearam a praça central de Kharkiv , a segunda maior cidade da Ucrânia, bem como a principal torre de TV de Kiev e o memorial adjacente de Babi Yar. O local marca a execução de mais de 33.000 judeus pela Alemanha nazista durante dois dias em 1941.
Os militares russos ainda não foram capazes de obter o controle do espaço aéreo ucraniano como previsto por especialistas em segurança nacional, embora um oficial de defesa dos EUA (não identificado) tenha dito à AP que os russos ainda têm uma quantidade significativa de poder de combate para recorrer.
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