Ucrânia: OTAN diz não a “no fly zone”. Áreas de exclusão aéreas, ou “no fly zone” se tonaram comuns, especialmente, depois da Guerra do Golfo em 1991. Nessas regiões é proibido qualquer tipo de voo não autorizado, e são vigiadas por aeronaves militares armadas. Quem o fizer, será interceptado e orientado, e no caso de recusa de obedecer as medidas de policiamento aéreo, poderá ser abatido.
Nos últimos dias várias regiões da Ucrânia vem sofrendo com ataques aéreos de aeronaves, drones e helicópteros, o que fez voltar a pauta a possível criação pela OTAN de um zona de exclusão aérea sobre território ucraniano. Isto implicaria na Aliança Ocidental colocar caças em missões de Patrulhas Aéreas de Combate (CAP – Combat Air Patrol) para policiamento e proteção do perímetro. Este fato, certamente criaria no primeiro dia, um embate direto da OTAN com os russos, que hoje se consideram “donos do espaço aéreo ucraniano”.
Apesar da pressão de entidades, países e ativistas por uma criação de uma no fly zone, sob a alegação que os ataques estão sendo feitos sobre zonas urbanas e não somente em alvos militares, vitimando civis.
A OTAN confirmou ontem (04/03), que não se envolverá diretamente no conflito, enviando militares à Ucrânia, e não implementará uma área de proteção aérea. Segundo os dirigentes da Aliança, estas ações colocaria a Europa em uma possível guerra generalizada, com consequências indeterminadas.
Para criar a no fly zone, as aeronaves da OTAN teriam que operar no interior do território da Ucrânia, simultaneamente com os aviões da Força Aérea Russa, o que certamente implicaria em embates embate aéreos, e por consequência colocando a OTAN na guerra. Diante disso, a Aliança manterá a proteção dos seus aliados, em especial os que fazem fronteira com a Ucrânia.
Essa decisão pode ser questionável, mas é prudente.
Não há como fazer como no caso da Bósnia, durante a Guerra dos Balkans, ou no Iraque, onde a zona de exclusão aérea foi parte das ações da OTAN e Aliados em guerra os quais estavam diretamente envolvidos. Aqui a OTAN não tem jurisdição ou está envolvida. Vale lembrar que a Ucrânia não é parte da Aliança.
O Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia não é uma opção considerada pela Aliança. “Concordamos que não devemos ter aviões ou tropas da OTAN operando no espaço aéreo e no território ucraniano”, disse ele.
Os 30 países membros da OTAN se reuniram em Bruxelas na sexta-feira (04/03) para discutir os próximos passos. Os esforços diplomáticos não conseguiram acabar a guerra que entra no décimo dia. Vladimir Putin ordenou a invasão das tropas russas, e observando o desenvolvimento do cenário, parece impossível que a situação melhore tão cedo, o que poderá arrastar o conflito por meses.
Um comboio russo de 40 milhas (60 km) com destino à capital Kiev, está parado há vários dias. Combatentes ucranianos ocupam áreas-chave, enquanto as tropas russas avançam, como no caso na noite de 03/03, quando ocuparam a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. Setores leste, nordeste e sul, nos mares de Azov e Negro, os russos já dominam áreas importantes. A presença de comboios expostos – como o citado acima, mostra que a Força Aérea Ucraniana não possui capacidade de reagir com eficácia. Os russos não tem superioridade aérea total, porque o sistema de defesa antiaérea ainda é ativo, mas fica evidente que os caças ucranianos não são mais páreos para os russos. Tanto que aeronaves russas derrubadas, são efeito de sistemas antiaéreos.
Apesar da situação sombria no terreno, a OTAN não está disposta a se envolver diretamente no conflito, com dito anteriormente. No máximo a Aliança irá apoiar a resistência da Ucrânia com armas e logística contra uma invasão russa que está matando centenas civis inocentes. O movimento direto é apenas o de proteger seus territórios, não mais que isto, sob medo de colocar o continente e o mundo numa guerra, com efeitos nucleares.
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