Ucrânia: EUA e o mundo fechando o espaço aéreo para os russos. O sistema de aviação comercial da Rússia segue sendo afetado com inúmeras restrições operacionais impostas pela União Européia e outras nações pelo mundo. Mais recentemente, o governo dos Estados Unidos anunciou a proibição de voos de aeronaves russas no seu espaço aéreo, isolando ainda mais Moscou.
Em seu discurso de ontem (01), o Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou a decisão de se juntar ao Canadá e várias nações europeias para limitar o acesso da Rússia à rede global de aviação. “Esta noite, anuncio que nos juntaremos aos nossos aliados para fechar o espaço aéreo americano a todos os voos russos, isolando ainda mais a Rússia e adicionando um aperto adicional em sua economia”, disse Biden.
Mais de 100 voos foram cancelados no Aeroporto Internacional Sheremetyevo, em Moscou, nesta semana, à medida que os bloqueios entram em vigor.
“Putin agora está isolado do mundo”, disse o Presidente dos EUA em seu discurso.
As restrições globais visam atingir a aviação russa em várias frentes, e as medidas mais imediatas são o fechamento do espaço aéreo, o que limita severamente o deslocamento internacional das companhias aéreas comerciais e jatos privados do país.
Em contrapartida, a Rússia está fechando o seu espaço aéreo para as companhias aéreas dos países que estão impondo as restrições. Algumas rotas para a Ásia serão fortemente afetadas, e algumas companhias europeias, como a finlandesa Finnair, serão severamente impactadas em suas operações internacionais.
“Ignorar o espaço aéreo russo aumenta consideravelmente os tempos de voo para a Ásia e, portanto, a operação da maioria dos nossos voos de passageiros e carga para a Ásia não será economicamente sustentável ou competitiva”, disse Topi Manner, Executivo-Chefe da Finnair.
Sanções e controles de exportação também ameaçam o acesso das companhias russas à componentes aeronáuticos, peças sobressalentes e assistência técnica às centenas de aeronaves arrendadas do ocidente, que atualmente compõem cerca de metade da frota comercial do país. Empresas de leasing começaram a exigir a devolução das suas aeronaves, o que será mais “um duro golpe para as companhias aéreas russas”, disse Henry Harteveldt, analista de aviação, ao The Washington Post.
A companhia aérea estatal russa Aeroflot, opera uma frota com mais de 300 aeronaves, principalmente jatos da Boeing e Airbus, e uma malha com destinos em todo o mundo. A Europa e boa parte do Ocidente agora estão quase fora de alcance da companhia, que também cancelou algumas rotas para cidades próximas da fronteira com a Ucrânia, em virtude do alto risco.
Embora os países vizinhos tenham fechado seu espaço aéreo para aeronaves russas, os voos em Kaliningrado – um enclave da Federação Russa localizado na costa do Mar Báltico entre a Lituânia e a Polônia – estão operando utilizando a definição legal de “Espaço Aéreo Nacional”. Esses voos domésticos russos, estão voando afastados no mínimo à 12 milhas náuticas da costa dos países europeus, o que é tecnicamente considerado Espaço Aéreo Internacional.
Mesmo antes do anúncio de Biden, a Aeroflot disse na segunda-feira (28/02) que o fechamento do espaço aéreo canadense forçou o cancelamento dos voos para cidades dos Estados Unidos, México e Caribe. No último domingo (27/02), um voo da Aeroflot pousou em Miami, procedente de Moscou, passando pelo espaço aéreo canadense. Esta atitude foi descrita pelas autoridades canadenses como uma “violação” da proibição.
O professor assistente da Embry-Riddle Aeronautical University, Michael McCormick, disse que se o espaço aéreo mundial continuar fragmentado a longo prazo, as companhias aéreas sofrerão por não conseguir utilizar algumas rotas sobre o Ártico. “Essas são rotas muito eficientes em termos de quilometragem e tempo”, disse ele. “A perda das rotas polares terá um impacto significativo nos voos diretos.”
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