Ucrânia desiludida com a OTAN. A Ucrânia já percebeu que o caminho para sua adesão à OTAN está indefinido e, ao que parece, mais longe não devendo ocorrer antes de uma definição da guerra com a Rússia. A cúpula da OTAN desta semana na Lituânia constatou o acerto para o ingresso da Suécia, e, ao contrário do que esperava o presidente Volodymyr Zelensky, nenhum aceno futuro para a Ucrânia.
A cúpula da OTAN, em andamento em Vilnius, na Lituânia, pode, no entanto, ver um parte dos membros da aliança aprofundar seu compromisso de segurança com o país sitiado, sem, contudo, fazer um movimento de inclusão. Autoridades do Reino Unido anunciaram na terça-feira que uma declaração conjunta, “que deve ser assinada por todos os membros do G7, definirá como os aliados apoiarão a Ucrânia nos próximos anos para encerrar a guerra e impedir e responder a qualquer ataque futuro. Não há uma única barreira objetiva à decisão política de convidar a Ucrânia para a aliança e agora, quando a maioria das pessoas nos países da Otan e a maioria dos ucranianos apoia a adesão, é o momento para as decisões correspondentes.”
A cobrança de Zelensky chega um dia após o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, ter dito que a Suécia deve formalizar sua adesão à OTAN ainda este ano, mais precisamente “antes do verão” do Hemisfério Norte. A adesão vem depois que a Turquia — último que ainda vetava o ingresso, aceitar a Suécia, mediante seu ingresso na União Europeia, o maior conglomerado comercial do mundo, ao qual os turcos pleiteavam ingressar há 50 anos.
“Você é um ótimo parceiro”, disse Austin ao ministro da Defesa sueco, Pal Jonson no quartel-general da marinha sueca na Base Naval de Musko, próximo de Estocolmo. “Estamos ansiosos para, muito em breve, poder chamá-lo de aliado.” A Suécia segue os passos da Finlândia, aceita em abril deste ano. Assim a OTAN passará a ter 32 membros. Mas e a Ucrânia? Pelo jeito o discurso é “um dia será, mas com a guerra não é o momento certo”. Certamente a OTAN receia que ao convidar a Ucrânia e formalizar seu ingresso, terá que defender ela, como manda o regimento da Aliança, onde o “ataque a um membro é um ataque a todos os membros”.
“Acho que vocês verão um compromisso muito forte de todos os aliados de que a Ucrânia fará parte da OTAN algum dia, quando for o momento certo, e que eles receberão um convite para ingressar na OTAN quando… as condições de segurança corretas forem estabelecidas. Acho não haver consenso de que eles serão obrigados a ter o que chamamos de Plano de Ação de Adesão, um mapa” — Jessica Cox, diretora da Diretoria de Política Nuclear da OTAN.
Essa concessão de que a Ucrânia poderia se juntar à aliança sem apresentar um plano de ação não impressionou muito os ucranianos, especialmente depois que eles executaram com sucesso planos de ação contra forças invasoras russas maiores por mais de um ano. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky não poupou críticas que soaram como mais um abandono. “É sem precedentes e um absurdo quando o prazo [sic] não é definido nem para o convite, nem para a adesão da Ucrânia. Ao mesmo tempo, palavras vagas sobre ‘condições’ são adicionadas para convidar a Ucrânia”, tuitou Zelensky . “Incerteza é fraqueza. E vou discutir isso abertamente na cúpula”.
Ainda a cúpula ainda deve produzir um novo e potencialmente grande pacote de assistência de segurança para a Ucrânia e um novo mecanismo para a Ucrânia engajar aliados. Pela primeira vez, um conselho da OTAN para a Ucrânia, que se reunirá no dia 13/07 com o presidente Zelenskyy, a OTAN e seus aliados poderão sentar-se com a Ucrânia como iguais em uma mesa e conversar sobre questões de segurança mútua.
A cúpula também observará o lançamento de um novo conjunto de planos regionais para a OTAN. Estes estabelecerão três novos blocos: um bloco Atlântico-Europeu-Ártico baseado no Joint Force Command, ou JFC, Norfolk; um bloco da Europa Central baseado em JFC Brunssum na Holanda; e um bloco, baseado no JFC Naples, com foco no Mediterrâneo, no Mar Negro e na porção sudeste do território da aliança. Cada bloco estabelecerá planejamento e exercícios independentes, mas ainda participará de planos e exercícios em toda a OTAN, conforme necessário.
Estes novos planos de batalha visam um ambiente muito mais realista, para que as unidades que vão lutar juntas, possam treinar juntas. Porém, o foco central da mudança é o que se está vendo na Ucrânia e nitidamente a OTAN, está procurando reformular seus planos frente a ameaça russa. Isto é, apensar de perder mais de 25.000 militares, além de centenas de tanques, aeronaves, helicópteros, entre outros, não significa que a Rússia seja menos perigosa. É preciso pensar em se defender de um evento similar no futuro.
@CAS