Ucrânia: bombardeiros russos Tu-22M atacam Maripuol. O Ministério de Defesa da Rússia confirmou as primeiras missões com bombardeiros de longo alcance Tupolev Tu-22M3 “Backfire” sobre território Ucraniano. Um vídeo divulgado nas redes sociais, mostra um suposto ataque dessas aeronaves sobre posições fortificadas no complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol.
Com cerca de 120 toneladas de peso, esses bombardeiros supersônicos podem transportar até 24 toneladas de munições, incluindo mísseis com capacidade nuclear. Anteriormente, os Tu-22M já haviam lançado mísseis de cruzeiro de longo alcance contra a Ucrânia, mas operando a partir do espaço aéreo russo. Esta operação inédita em seu território foi confirmada por autoridades ucranianas.
Com onze quilômetros quadrados, a gigante siderúrgica Azovstal, uma das maiores da Europa, fica na área industrial de Maripuol, às margens do Mar de Azov. A sua complexidade e rede de túneis subterrâneos, está servindo como quartel general para as tropas da resistência ucranianas do Batalhão Azov, do Corpo de Fuzileiros Navais e da força de defesa territorial local.
Cercados e quase isolados do resto das forças armadas ucranianas, exceto por missões ocasionais de reabastecimento aéreo realizadas por helicópteros, os defensores de Azovstal estão conseguindo conter as tropas russas a mais de seis semanas.
Por outro lado, os russos afirmam terem o controle da área urbana de Maripuol. As dificuldades para tomar o complexo de Azovstal talvez expliquem as operações com os Tu-22M, que tem por objetivo intensificar as ações contra o local. Entretanto, especialistas militares não descartam a possibilidade que os russos lancem mão de armas químicas sobre a siderúrgica e o porto.
Cinquenta dias após o início da guerra, o sistema de defesa aérea de Kiev ainda está operando, e contabiliza mais de 70 aeronaves russas abatidas, entre aviões, helicópteros e drones. O aumento dos ataques em Maripuol faz sentido do ponto de vista estratégico russo, mas a exposição dos Tu-22M sobre um território contestado e sem domínio aéreo, poderia indicar que o Kremlin estaria com baixos estoques de mísseis de cruzeiro de longo alcance.
Em 25 de março, um funcionário do Pentágono disse a repórteres que o estoque de munições de precisão de longo alcance da Rússia havia sido reduzido pela metade. “Mísseis de cruzeiro lançados do ar, em particular, têm o menor estoque. Achamos que essa é uma das razões pelas quais os veremos a utilização de cada vez mais bombas não-guiadas.”
Oficiais militares ucranianos do Comando Operacional no sul, esperam que a Rússia realize uma grande operação de desembarque de tropas na região de Maripuol, em resposta ao afundamento do Cruzador Moskva. O Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia afirma no seu diário de guerra deste domingo (17/04), que o exército russo estaria preparando uma operação de desembarque naval no país.
“Estamos prontos e cientes das ameaças. Para o inimigo, trata-se de um grande prejuízo, tanto financeiro quanto de imagem. Estamos em uma guerra híbrida, e o impacto nas consciências também é importante”, ressaltou um Oficial ucraniano.
Especula-se que os russos possam usar em Maripuol a sua megabomba não-guiada de três toneladas FAB-3000, projetada principalmente para a destruição de instalações industriais, urbanas e portuárias. Elas foram lançadas na década de 1980 por bombardeiros soviéticos Tupolev Tu-16 e Tu-22 durante a guerra no Afeganistão. Com uma massa explosiva de 1.400 quilos e um raio de dispersão de fragmentos de até 260 metros, a FAB-3000 é uma das maiores bombas não-guiadas do arsenal russo.
O assessor do prefeito de Maripuol, Petro Andriushchenko, alertou sobre a chegada dos bombardeiros TU-22M que, em sua opinião, indica a intenção de “lançar um ataque ao reduto da siderúrgica Azovstal e ao porto, com bombas de alta potência como a FAB-3000 entre outras.”
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@FFO