Turquia buscará alternativa caso os EUA vetem o F-16. A Turquia está considerando algumas alternativas para ampliar sua aviação de combate, caso os Estados Unidos vetem a um acordo para a compra de mais caças F-16 e a modernização de parte da frota existente. Turcos e Americanos estão negociando uma lote de 40 Lockheed Martin F-16V e 80 kits de modernização para o bloco 70/72 desde outubro.
A informação foi passada pelo Ministro da Defesa da Turquia, Hulusi Akar, que confirmou que as negociações estão em andamento. Uma delegação do Ministério da Defesa está atualmente nos Estados Unidos para conversar com o Departamento de Defesa e representantes da Lockheed Martin sobre o pedido da 40 F-16V e quase 80 kits de retrofit dos Viper Bloco 70 para parte da frota de F-16C/D da Turkish Air Force (TuAF), usando recursos do Programa F-35, que foi vetado pelos americanos.
“Nossos contatos continuam a abordar essas questões e outras semelhantes, e uma delegação de nosso ministério está atualmente nos Estados Unidos”, disse Akar ao Comitê de Planejamento e Orçamento do Parlamento na capital, Ancara.
“Se a posição dos Estados Unidos for negativa, a Turquia terá que necessariamente e naturalmente avaliar outras alternativas para garantir sua segurança no ambiente de ameaças em que se encontra”, afirma o ministro.
Vale lembrar que Turquia investiu US$ 1,4 bilhão na compra dos F-35A como parceiro do JSF – Join Strike Fighter, antes de Washington expulsar o país do programa em 2019, após a compra do sistema defesa antiaéreo russo S-400.
A Turquia planejava a compra de 100 F-35A. Em julho de 2019 o país foi excluído do JSF e suas aeronaves foram retidas em solo americano, com o treinamento de seus pilotos suspenso, face a aquisição do sistema russo de defesa antiaérea. A principal alegação americana é o que o uso do S-400 pela Turquia poderia comprometer a capacidade furtiva do F-35, além da possibilidade de existir vazamento de informações críticas da aeronave aos russos e chineses. A reclamação americana foi prontamente acatada por outros parceiros do programa, que concordaram na retirada dos turcos do projeto, mesmo eles sendo parceiros nível 3 do JSF.
Ancara considerou a expulsão sumária, arbitrária e exigiu o reembolso dos pagamentos já feitos pelos F-35 e disse que os valores deveriam ser usados para financiar a compra de F-16 e kits de retrofit. Porém, como qualquer venda militar teria que ser aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, conhecido por sua postura anti-turca, e que tem prejudicado repetidamente as relações bilaterais, isto poderá se tornar um impasse mesmo com a aprovação do Departamento de Estado.
Durante a reunião paralela à cúpula do G20 em Roma no início deste mês, o presidente Recep Tayyip Erdoğan disse que pediu ao presidente americano Joe Biden apoio para fazer com que os legisladores dos EUA apoiassem a venda dos F-16. Porém para muitos analistas os EUA devem aprovar o F-16 para não “jogar os turcos” mais ainda para os lados da Rússia.
Erdoğan disse ter visto uma “abordagem positiva” de Biden a pedido da Turquia. “Embora eu tenha visto a abordagem positiva de Biden sobre essa questão, outro aspecto da questão é a Câmara e do Senado”, acrescentou.
Se o acordo com os F-16 fracassar, Ancara continua disposta a considerar a compra de caças Su-35 e Su-57 de fabricação russa, disseram as autoridades, o que empurraria um membro da OTAN mais perto de Moscou. Akar reiterou que os dois aliados da OTAN concordaram em realizar uma reunião em Washington no início de 2022 para resolver a disputas remanescentes sobre os F-35 e a compra dos F-16s. A nova reunião seguirá a rodada de negociações realizada em Ancara no final de outubro, na qual representantes dos ministérios da Defesa da Turquia e dos Estados Unidos se reuniram para discutir questões financeiras.
@CAS