Toma forma o X-59 QueSST o novo jato supersônico da NASA. Desde 2018 a NASA e a Lockheed Martin trabalham no desenvolvimento e produção do jato experimental supersônico X-59 QueSST (Quiet Supersonic Technology). Pela primeira vez, os técnicos da Skunk Works, a divisão de projetos avançados da Lockheed Martin, em Palmdale, Califórnia, e onde a aeronave está sendo construída, reuniram as seções principais do jato, mostrando a forma final do X-59.
“Este é um marco. Ver a aeronave como uma unidade completa pela primeira vez, dá à equipe um novo ânimo e motivação”, disse Dave Richwine, Engenheiro-Chefe da NASA para o Projeto Low Boom Flight Demonstrator (LBFD).
Ainda falta a seção frontal do nariz do X-59, que mede aproximadamente dez metros de comprimento, e deixa o jato com uma aparência característica e nada convencional. A NASA pretende utilizar o QueSST para testar novas tecnologias que reduzem o estrondo sônico, a tal ponto que dificilmente a aeronave poderá ser ouvida em solo. O design do jato desempenha um papel decisivo para alcançar esses resultados.
Para a fabricação do X-59, a Lockheed Martin utiliza modernos robôs industriais, que os técnicos deram apelidos similares aos de pilotos de caça. O “Cobra”, por exemplo, é responsável por furar e rebitar chapas e componentes. O “Mongoose”, por sua vez, é capaz de entrelaçar e colar automaticamente estruturas de fibra, confeccionadas com materiais compostos, que são coladas com um adesivo de secagem rápida, ativado com uma luz ultravioleta emitida pelo robô.
A Lockheed Martin e a NASA esperam que o X-59 esteja concluído até o final deste ano, e planejam que o primeiro voo provavelmente ocorra somente no verão de 2022, após passar por extensos testes em solo. Isso ocorrerá com um atraso de um ano e meio, de acordo com o planejamento original.
A partir de 2023, os pilotos de teste da NASA devem realizar os primeiros voos sobre a área de testes do Armstrong Flight Research Center, na Califórnia, onde a NASA deverá instalar cerca de 175 sensores de captação acústica no solo, para as medições do boom sônico. De acordo com o planejamento, a partir de 2024 o X-59 deverá realizar voos sobre algumas áreas habitadas, previamente selecionadas, para estudos e coletas de dados sobre como a população reage e percebe os voos supersônicos no solo.
Os dados coletados serão fornecidos à Administração Federal de Aviação e à Organização de Aviação Civil Internacional para consideração na alteração das proibições existentes para voos supersônicos sobre áreas habitadas. Desde 1973 a legislação proíbe esses voos, o que restringe viagens comerciais com este tipo de aeronave. Somente sobre o oceano os voos supersônicos são permitidos, como faziam a British Airways e Air France com o seu SST Concorde entre 1976 e 2003.
Após os testes com o X-59 QueSST, a NASA disponibilizará os resultados para a FAA (Federal Aviation Administration), que terá embasamento para iniciar uma nova legislação para voos supersônicos sobre áreas povoadas. Se as regras mudarem, uma nova família de aeronaves supersônicas comerciais se tornará viável, permitindo que os passageiros embarquem em um avião e cheguem de destinos distantes na metade do tempo.
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