Supostos balões espiões da China sobrevoam os EUA e o Canadá. Os governos dos Estados Unidos e do Canadá estão monitorando supostos balões de vigilância avistados nos últimos dias sobrevoando locais de interesse para a segurança da América do Norte. Oficiais de defesa disseram ter quase certeza que os balões de alta altitude tem origem chinesa, e que decidiram não derrubá-los para evitar quedas dos destroços sobre áreas habitadas.
Um dos objetos foi monitorado sobrevoando as Ilhas Aleutas, no Alasca, parte do território do Canadá, até chegar na cidade de Billings, em Montana, na quarta-feira (01/02). Um funcionário de alto escalão da Defesa dos EUA disse, sob condição de anonimato, que o governo já está com unidades de caças F-22 em prontidão, caso seja ordenado o abate do artefato voador.
Nesta sexta-feira (03/02), o governo do Canadá disse que está monitorando um possível segundo avistamento de outro balão de vigilância, mas sem citar qual país poderia estar por trás dessa ação. O governo afirmou em comunicado que está trabalhando em estreita colaboração com os EUA para “proteger as informações contra ameaças de inteligência estrangeiras”.
Os EUA levaram o assunto a autoridades chinesas nas embaixadas de Washington e Pequim. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que Pequim está verificando os relatórios sobre o balão, e que “até que os fatos sejam esclarecidos, fazer conjecturas e exagerar o tema não ajudará a resolvê-lo de forma adequada”, segundo a agência de notícias AFP.
Os principais líderes militares americanos, como o Secretário de Defesa, Lloyd Austin, e o General Mark Milley, Comandante do Estado-Maior dos EUA, se reuniram para discutir a situação.
Apesar de ser um Estado pouco povoado, Montana abriga a Base Aérea de Malmstrom, onde fica um dos três únicos campos de mísseis nucleares do país. Autoridades disseram que o objeto parecia estar sobrevoando locais de importância de segurança para coletar dados.
Um funcionário salientou que até o momento não há ameaça significativa, porque eles “sabem exatamente onde este balão está e exatamente por onde ele está passando”, e que, “é improvável que este balão forneça mais informações além do que a China já consegue coletar usando satélites”.
Ele também salientou que não existe ameaça para a aviação civil, uma vez que esses balões voam em altitudes muito acima das usadas por aviões comerciais. “Houve relatos de pilotos que avistaram essa coisa, embora ela esteja bem alto no céu. Então o balão é relativamente grande”, disse um oficial de defesa não identificado
Durante o briefing de quinta-feira no Pentágono, as autoridades se recusaram a divulgar a localização atual da balão. Eles também se recusaram a fornecer mais detalhes do objeto, incluindo seu tamanho.
Balões de vigilância são identificados sobre os EUA há alguns anos, mas este parece que ficou pairando por mais tempos que o “comum”. O objeto voador agitou as mídias sociais em Montana, com muitos usuários publicando imagens de objeto branco no céu. Outros disseram ter visto aviões militares dos EUA na área, aparentemente monitorando o artefato.
Chase Doak, que trabalha em uma empresa em Billings, Montana, disse à agência de notícias Associated Press que notou o grande círculo branco no céu e foi para casa para tentar vê-lo com uma câmera melhor. “Eu pensei que talvez fosse um verdadeiro ovni. Eu quis documentar e tirar o máximo de fotos possível”, disse ele.
A mídia estatal chinesa não noticiou o incidente, mas o assunto está sendo amplamente debatido nas mídias sociais do país. Muitos estão se divertindo com a história. “Temos tantos satélites, por que precisaríamos usar um balão?”, escreveu um usuário na rede chinesa Weibo.
O senador Marco Rubio, o principal republicano no Comitê de Inteligência do Senado, atacou o suposto balão espião chinês. “O nível de espionagem direcionado ao nosso país por Pequim cresceu drasticamente [e vem sendo] mais intenso e ousado nos últimos 5 anos”, escreveu Rubio no Twitter.
O governador de Montana, Greg Gianforte, também republicano, disse em um comunicado que foi informado sobre a situação “profundamente preocupante”.
Em um evento em Washington na quinta-feira, o diretor da CIA, William Burns, não fez menção ao balão, mas chamou a China de “o maior desafio geopolítico” enfrentado pelos EUA na atualidade.
O suposto balão de espionagem provavelmente aumentará as tensões antes da visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à China na próxima semana. Será a primeira visita ao país de um secretário de gabinete do governo do presidente Joe Biden. O principal diplomata dos EUA estará em Pequim para conversar sobre diversos assuntos, como segurança, Taiwan e covid. Ele também se encontrará com o presidente chinês, Xi Jinping, segundo o jornal Financial Times.
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