Suíça quer produzir F-35 na Itália em meio a possibilidade de um plebiscito. Uma delegação da Armasuisse, liderada pelo Chefe de Armamento Martin Sonderegger, reuniu-se em Cameri, Itália, com o Secretário-Geral da Defesa italiano e o Diretor Nacional de Armamento para conversações bilaterais sobre o programa Air2030. Eles discutiram a possibilidade dos futuros 36 Lockheed Martin F-35A da Shweizer Luftwaffe (Força Aérea Suíça), que vão substituir os atuais F-5E/F e F/A-18C/D, serem produzidos na planta da Leonardo em Cameri, na Itália.
A delegação teve a oportunidade de visitar as instalações de produção e manutenção de Cameri, que abriga uma das duas únicas linhas de produção do F-35 fora dos Estados Unidos e a única na Europa (a outra fica no Japão). A FACO Cameri é operada pela Leonardo, com apoio da Lockheed Martin, tendo o apoio do Ministério da Defesa da Itália desde o início. Ali são fabricados os F-35A/B da Aeronautica Militari Italiana (AMI) e da Marina Militare e também os F-35A da Royal Netherlands Air Force (RNLAF).
As conversas com a Suíça, que foram precedidas de outro encontro com representantes da Lockheed Martin em Fort Worth, Texas, colocam a Itália em posição privilegiada na linha de produção do F-35 para nações europeias. Nesse contexto, o F-35A suíço também poderá se juntar ao F-35A finlandês, que acaba de ser adquirido. As negociações para os suíços para uma possível produção na Europa estão bem encaminhadas e é provável que os seis primeiros F-35 sejam fabricados nos EUA e os demais 30 na Itália.
No entanto nem tudo são flores. O governo suíço está atento ao “Stop F-35”, que se opõe ao programa F-35, com uma iniciativa popular federal denominada “Contra o F-35”, lançada em 31 de agosto de 2021. Esse coletivo considera que o F-35 não será incluído no orçamento alocado, que a função essencial de controle do espaço aéreo nacional não exige a compra de um caça furtivo. Além disto a monção afirma que Suíça seria muito mais dependente dos Estados Unidos política e industrialmente. Assim, se a meta de 100.000 assinaturas for atingida antes de 1º de março de 2023, o projeto F-35 poderá estar em risco de fracasso ou, pelo menos, sérios atrasos, pois assim como no Gripen em 2013, haverá uma votação (plebiscito) para ratificar, retificar ou cancelar a compra.
No entanto, muitos opositores do F-35 ficam constrangidos com os termos dessa iniciativa, pois, além de abrir mão das baterias de mísseis de defesa aérea Patriot e dos F-35, a iniciativa também propõe uma redução no orçamento de defesa suíço. Não se trata de rejeitar o F-35 para redirecionar a escolha para o Rafale ou o Eurofighter, mas sim de questionar o próprio princípio da aviação de combate, levando a Suíça a deixar de ter aeronaves de combate uma vez que irá aposentar os F- 5E II Tiger e o F/A-18 Hornet.
Isto tornaria a Suíça totalmente dependente de seus vizinhos para garantir sua segurança e em caso de problemas (aviões que não respeitam os planos de voo, sequestros, aviões que perdem a comunicação com as autoridades de controle aéreo, etc.) a aviação de combate de países estrangeiros teria que intervir. Esse cenário colocaria a Suíça em um estado de total dependência da Itália, França, Alemanha e Áustria.
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