Sobrepreço nas peças sobresalentes de KC-46A Japonês? Em 16 de abril, a USAF concedeu um contrato no valor de US$ 88 milhões para a Boeing fornecer peças de reposição para os KC-46A da Japan Air Self-Defense Force (JASDF). , entretanto uma auditoria da USAF não conseguiu determinar se os valores praticados pela Boeing estão dentro do “justos ou razoável”.
Essa descoberta gerou preocupações no Congresso Americano, de que a Boeing poderia estar inflando artificialmente os preços para ajudar na recuperação das perdas financeiras ocorridas durante o desenvolvimento do programa KC-46. A fabricante americana já gastou mais de US$5,0 bilhões do próprio bolso para pagar pelos inúmeros problemas que surgiram desde o início do programa em 2011. De acordo com o contrato de preço fixo, a Boeing é responsável por pagar quaisquer custos que excedam o valor de US$ 4,9 bilhões.
“Eles estão tentando recuperar alguns de seus custos no back-end basicamente com algumas dessas peças sobressalentes”, disse um funcionário do governo com conhecimento do contrato.
O deputado da Virgínia Rob Wittman – o principal republicano no House Armed Service’s Committee’s (HASC) – levantou a questão durante uma audiência sobre o orçamento da USAF em 08 de junho.
“Precisamos mudar o curso deste contrato conturbado buscando uma das opções. Ou USAF muda a estrutura de incentivos do contrato e gerencia ativamente o desenvolvimento do KC-46A; ou busca uma nova alternativa. Sem seguir um desses caminhos, neste momento, estou certo que continuaremos a ver um desempenho ruim e um impacto cada vez mais negativo”, disse ele.
A Boeing negou aumentar os preços de peças para recuperar os custos e, em um comunicado nas redes sociais, disse que a discrepância de US$ 10 milhões “se deve a mudanças significativas nos preços das peças sobressalentes no ano passado, impulsionadas por desafios sem precedentes para o mercado aeroespacial comercial advindos da pandemia”.
Os empreiteiros de defesa estão isentos de fornecer dados certificados de custos ou preços de peças comerciais para o Pentágono, permitindo que as empresas preservem sua vantagem no mercado. Mas quando a pandemia de COVID-19 dizimou as vendas aeroespaciais comerciais, o Departamento de Defesa ficou sem uma visão clara do valor real de comercialização das peças.
Entre novembro de 2019 e março deste ano, a USAF fez vários pedidos à Boeing em busca de informações adicionais sobre os custos de um total de 29 componentes para o KC-46. A Boeing se recusou a fornecer dados de valores para 28 delas, afirmando que os preços comerciais “não estavam disponíveis”. Isso deixou a auditoria da USAF incapaz de validar se cerca de US$ 10 milhões, do valor total de US$ 88 milhões do contrato para o Japão, estava de acordo com o razoável praticado pelo mercado.
Um dos itens mais polêmicos foram as luzes de navegação produzidas pela Honeywell (que também vende diretamente para a USAF), que a Boeing cobrou cerca de 15 vezes acima do valor que a USAF paga diretamente para a fabricante. A Boeing alegou que a as peças compradas diretamente pela USAF estavam com preços incorretos, e que a Honeywell teve prejuízo na venda desses produtos.
O Japão foi notificado pela USAF sobre a situação e a sua incapacidade de auditar os valores praticados pela Boeing, embora o valor total esteja abaixo da faixa autorizada pelo Japão para o contrato de peças sobressalentes.