Um comitê bipartidário de senadores está pedindo ao Pentágono que pare imediatamente de comprar componentes dos caças F-35 fabricados na Turquia. Os Senadores James Lankford; Jeanne Shaheen; Thom Tillis e Chris Van Hollen, enviaram uma reclamação formal por escrito no dia 6 de julho de 2020 ao Secretário de Defesa Mark Esper, pedindo que os planos de adquirir peças fabricadas pela Turquia para a frota mundial de Lockheed Martin F-35 até 2022, sejam suspensos imediatamente. Em sua alegação, a comissão de senadores informou que a continuidade de aquisição reduz a pressão sobre o Governo de Ancara, face a compra inadvertida do sistema S-400, além de continuar a permitir acesso indireto dos russos ao programa, uma vez que para o senado, os turcos não estão comprometidos mais com a OTAN e os Estados Unidos como antes.
A Turquia foi removida do programa F-35 em 2019. Suas aeronaves foram retidas em solo americano e o treinamento de seus pilotos foi suspenso, face a aquisição do sistema russo de defesa antiaérea. A principal alegação americana é o que o uso do S-400 pela Turquia poderia comprometer a capacidade furtiva do F-35, além da possibilidade de existir vazamento de informações críticas da aeronave aos russos e aos chineses. A reclamação americana foi prontamente entendida e acatada por outros parceiros do JSF, que concordaram na retirada dos turcos do projeto, mesmo eles sendo parceiros nível 3 do JSF (Joint Strike Fighter).
Porém, a subsecretária de Defesa para Aquisição e Manutenção do JSF, Ellen Lord, disse em janeiro que permitiria a contratante principal, a Lockheed Martin, e, à fabricante de motores Pratt & Whitney, honrar as obrigações contratuais com os fabricantes turcos de componentes do F-35. Isso significa que a Lockheed receberia peças turcas até o final do lote 14, ou seja, aeronaves programadas para serem entregues aos clientes em 2022. Sem este acordo, a fabricante não conseguiria manter a produção, que mesmo com a participação da Turquia até então, não fluí na cadência necessária para atender a entregas, o que vinha gerando atrasos, prejuízos e até multas contratuais .
Fabricantes turcos têm participação na produção de mais 1.005 peças da aeronave, entre elas, 15 itens principais do F-35, que mesmo sejam assumidas por outros fornecedores, não estão sendo fabricadas na taxa ideal, gerando uma previsão de prejuízo a curto prazo de US$ 428 milhões só em 2020. O Pentágono disse em novembro passado que haviam encontrado fornecedores substitutos para quase todos estes itens. Porém, só a transferência da produção da Turquia para os EUA iria custar mais de US$ 500 milhões.
Os legisladores argumentaram a Esper que se ele continuar comprando peças turcas, estará violando a NDAA ano fiscal 2020 (National Defense Authorization Act for Fiscal Year 2020) que formalizou o veto a venda dos F-35 e a sua “clara mensagem diplomática para a Turquia sobre as consequências de avançar no uso da tecnologia de defesa russa”.
O comitê de senadores completou:
“Nós encorajamos o senhor a reexaminar a abordagem atual e tomar medidas para garantir uma remoção rápida da Turquia da linha de fabricação, conforme exigido por lei.”
Os prejuízos com a saída da Turquia do JSF são milionários. O escritório de contabilidade do Governo dos Estados Unidos (Government Accountability Office – GAO), em Washington, detalhou, no dia 20 de maio de 2020, que as perdas com a expulsão foram na casa de US$ 1,5 bilhão, só em 2019, que serão divididos entre os demais parceiros de risco do projeto. é provável que par 2020, com o efeito pandemia de COVID-19 e as indefinições da continuidade da produção em solo turco, este número seja ainda maior – o que deve afetar o custo final de cada aeronave.