Rússia está protegendo os seus bombardeiros com pneus de veículos. A Força Aeroespacial Russa (RF VKS) está utilizando uma forma bastante controversa para proteger os seus bombardeiros estratégicos contra ataques de drones ucranianos. Imagens captadas por satélites ocidentais mostram as aeronaves estacionadas na Base Aérea Engels-2, cobertas por grandes quantidades de pneus de veículos colocados sobre as asas e parte da fuselagem.
As curiosas e intrigantes imagens da Base Aérea de Engels-2, situada a cerca de 500km da fronteira com a Ucrânia, começaram a ser divulgadas nas redes sociais nos últimos dias. Pelo menos cinco Tupolev Tu-95MS Bear-H e três Tu-160 Blackjack foram fotografados por satélites com as asas cobertas de pneus. Engels-2 é uma das principais bases de bombardeiros nucleares e convencionais da RF VKS.
Embora o motivo desta “camuflagem” não seja completamente conhecido, a teoria mais provável é que os pneus servem para para proteger os valiosos bombardeiros de ataques de drones kamikazes.
Especula-se que a borracha dura e resistente dos pneus seria capaz de absorver o impacto direto de drones pequenos e leves, como os australianos Corvo PPDS construídos em papelão, e usados pelos militares ucranianos. Atuando como uma barreira física, os pneus poderiam evitar explosões como a ocorrida recentemente em Pskov, quando pelo menos quatro aviões de transporte Il-76 foram destruídos em ataques (saiba mais).
Outra suposição é que a função dos pneus serviria para confundir o sistema de aquisição de alvos dos drones ucranianos. Especialistas sugerem os sistema de computação e a inteligência artificial embarcada nesses drones é bastante rudimentar, e não seria capaz de identificar o perfil alterado dos aviões inimigos em solo. Esse tipo de “camuflagem” estaria sendo usada pela marinha russa e chinesa, que estão aplicando faixas escuras nos seus navios para confundir o sistema de identificação de alvos dos drones aquáticos.
O Site The Drive sugere que uma cobertura bem calculada de pneus poderia “quebrar a assinatura infravermelha dessas aeronaves”, confundindo os sistemas de direcionamento de mísseis de cruzeiro, como por exemplo os Netuno, produzidos pela Ucrânia . Esta técnica é frequentemente referida como DSMAC (Digital Scene Matching Area Correlator) ou ATR (Automated Target Recognition) quando usada em mísseis de cruzeiro, informa o site especializado.
O míssil [Netuno] emprega um buscador de imagens infravermelhas para procurar e travar um alvo com base em uma imagem pré-carregada. De modo geral, se os mísseis – que usam esta forma de orientação – não conseguirem combinar o alvo com o que está em seu banco de memória, eles abortarão o ataque. Quebrar a silhueta infravermelha do alvo é uma forma de tentar fazer isso, diz a reportagem.
Seja como for, o uso improvisado de pneus de carros sobre as asas de aviões como uma “barreira anti-drone”, parece algo controverso. Apesar necessitar de alta temperatura para queimar, o composto de borracha dos pneus são inflamáveis, e acumular uma grande quantidade desse material sobre as asas de aviões (onde estão os tanques de combustíveis), poderia servir como facilitador para a geração de grandes incêndios com fumaça altamente tóxica.
O certo é que a improvisada e controversa proteção russa da sua valiosa frota de bombardeiros um problema operacional. Em cada surtida, dezenas – ou centenas – pneus tem que ser removidos de cima dos aviões, em uma ação que envolve tempo e mão-de-obra.
@FFO