Rússia envia tropas de paz em apoio ao governo do Cazaquistão. O governo da Rússia destinou cerca de 74 aeronaves das suas Forças Armadas para deslocar tropas militares para o Cazaquistão. Jatos de transporte como os Ilyushin IL-76 “Candid” e Antonov AN-124 “Condor” estão envolvidos na transferência dos militares russos em apoio à contenção dos distúrbios sociais que ocorrem no seu aliado da Ásia Central.
“A aviação de transporte militar continua com a implantação da maior parte do contingente russo das forças de manutenção de paz da CSTO no Cazaquistão, a partir de campos de aviação nas regiões de Moscou, Ivanov e Ulyanovsk”, segundo um comunicado do Ministério da Defesa.
As autoridades russas também afirmaram que os seus militares que já estavam no Cazaquistão, como parte da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), agora estão atuando na linha de frente, enquanto reforços de novos destacamentos que são direcionados em apoio à missão de manutenção da paz.
“As tropas russas do contingente de manutenção da paz da CSTO estão de prontidão, aguardando para serem enviadas dos aeroportos de Chkalovsk, Ivanovo-Severny e Ulyanovsk-Vostochny”, disse o comunicado.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou na quinta-feira que as forças de paz da Organização do Tratado de Segurança Coletiva foram enviadas ao Cazaquistão a pedido das autoridades daquela república, e que esta decisão foi tomada coletivamente.
No início desta semana, o presidente do Cazaquistão, Tokayev, pediu o apoio das nações aliadas da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, liderada pela Rússia, e que inclui além dos dois envolvidos, a Belarus, o Tajiquistão e a Armênia.
O contingente estrangeiro que estaria deslocado no Cazaquistão seria em torno de 2.500 soldados. De acordo com a CSTO, essas tropas atuam como uma força de paz e protegerão às instalações militares e edificações do Estado. Eles ficarão no país pelo tempo necessário, relata a agência de notícias russa RIA.
Conforme a agência de notícias Deutsche Welle (DW), desde o dia 02 de janeiro, a ex-república soviética da Ásia Central se tornou palco de protestos violentos. Inicialmente centenas de pessoas saíram às ruas de Zhanaozen, no oeste do Cazaquistão, para protestar contra o aumento do preço do gás GLP.
Desde então, a situação saiu do controle das forças públicas, e uma onda de protestos se espalhou por todo o país, com milhares de pessoas aderindo às marchas. De acordo com a DW, dezenas de pessoas foram mortas na tentativa de reprimir as marchas.
Na quarta-feira (05/01), manifestantes saíram às ruas de Almaty, a antiga capital e cidade mais populosa do país. Um palácio presidencial foi incendiado, manifestantes invadiram prédios estatais e viaturas da polícia foram incendiadas. O aeroporto de Almaty foi completamente tomado, e todos os voos foram cancelados.
O presidente Kassym-Jomart Tokayev declarou estado de emergência nas regiões mais afetadas, enquanto busca resolver os problemas que estão gerando os distúrbios. Já na quinta-feira (06/01), o Tokayev anunciou um controle sobre o preço preço do GLP pelos próximos seis meses, até a estabilização da situação socioeconômica.
Embora a situação permaneça obscura, uma coisa é certa: nunca antes o Cazaquistão, há muito considerado uma autocracia estável, se viu envolvido numa crise política de tamanha proporção, informou a DW. Suas repercussões provavelmente serão sentidas em toda região, afinal, a antiga república soviética da Ásia Central é um aliado estratégico da Rússia e vende a maior parte das suas exportações de petróleo para a sua vizinha China.
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