Rússia busca peças e motores para seus helicópteros no Brasil. A Rússia está procurando recuperar peças e componentes de sistemas de defesa que no passado exportou para países como o Paquistão, o Egito, a Belarus e Brasil. Esse é mais um esforço para recompor os estoques de armas que estão sendo consumidos na guerra com a Ucrânia.
Em abril passado, uma delegação de executivos russos esteve reunida com o presidente egípcio, Abdel Fattah Al Sisi, no Cairo. Conforme fontes ouvidas pelo The Wall Street Journal, eles solicitaram que o Egito enviasse mais de uma centena de motores de helicópteros russos Mi-8 e Mi-17 para suprir as necessidades da demanda no conflito com a Ucrânia, o que teria sido atendido pelo mandatário egípcio.
Em troca, a Rússia disse que perdoaria os atrasos e continuaria fornecendo trigo ao país africano. Agora, se o Cairo negasse atender ao pedido, Moscou poderia retirar os seus conselheiros de defesa que mantém no Egito, informou a reportagem do WSJ.
Essas negociações fazem parte de um esforço mais amplo da Rússia junto aos seus antigos clientes de equipamentos militares. Ao longo do ano, autoridades russas mantiveram conversações com o Paquistão, Beralus e Brasil para tentar adquirir motores para sua frota de helicópteros de ataque e transporte, necessários para mantê-los operacionais, disseram fontes da inteligência russa.
“A Rússia passou décadas construindo seu comércio de armas. Agora eles estão voltando em segredo para seus clientes tentando comprar de volta o que lhes venderam”, disse uma pessoa com conhecimento das recompras.
O esforço russo para suprir o seu arsenal através das sansões internacionais coincide com o aumento da produção interna de munições, peças sobressalentes e sistemas de armas para apoiar o conflito com a Ucrânia, que está consumindo enormes quantidades de material. A máquina de guerra da Rússia também adquiriu mais munições de parceiros, incluindo a Coreia do Norte.
Muitos dos esforços de Moscou para comprar de volta equipamentos militares ocorreram num momento em que o Kremlin resistia a uma ofensiva das forças ucranianas no leste e no sul do país. Com essa ofensiva agora mais atenuada, a Rússia procura retomar a iniciativa no campo de batalha, embora não seja claro se esse fornecimento darão os recursos necessários para intensificar os seus ataques.
“Não sabemos até que ponto eles usarão os estoques para aumentar o ritmo de ataque ou apenas manter o ritmo atual”, disse Konrad Muzyka, diretor da Rochan Consulting, analistas militares baseados na Polônia.
Nota RFA: Entre abril de 2010 e março de 2022, a Força Aérea Brasileira (FAB) operou uma frota de doze helicópteros de ataque Mil Mi-35M, comprados do governo russo em 2008. Designados militarmente como AH-2 Sabre e matriculados de FAB 8951 à FAB 8962, eles foram reunidos no 2º/8º GAV “Esquadrão Poti”, sediado na Base Aérea de Porto Velho (RO).
Problemas na logística de manutenção e fornecimento de peças de reposição, agravado pela guerra na Ucrânia, fizeram o Comando da Aeronáutica decidir pela aposentadoria precoce e definitiva dos AH-2 Sabre, que naquele momento acumulavam menos de 10 mil horas de voo (saiba mais).
Até onde temos conhecimento, as aeronaves estão estocadas no Parque de Material de Lagoa Santa (PAMA-LS), em Minas Gerais, com exceção do FAB 8961, que foi preservado no Museu da Aeronáutica no Rio de Janeiro.
Quanto ao fornecimento de motores para a Rússia, não há nenhuma nota oficial informando detalhes sobre o pedido de Moscou, bem como se realmente tais componentes serão enviados para os russos.
@FFO