Rússia ameça colocar armas nucleares no Báltico se Finlândia e Suécia aderirem à OTAN. Uma possível adesão da Finlândia e da Suécia a OTAN gerou uma imediata reação da Rússia. O ex-primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev, hoje vice-presidente do Conselho de Segurança do Kremlin, disse noa dia 14 de abril que, se a Finlândia ou a Suécia aderirem à Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Rússia reforçará seu contingente militar na região, incluindo a instalação de armas nucleares perto dos países do Mar Báltico e da Escandinávia.
A crise da Ucrânia, advinda da invasão militar da Rússia no dia 25 de fevereiro deste ano, associada a um aumento das tensões no Báltico e região nos últimos anos, tem gerado mudanças de postura consideradas históricas. Os dois países nórdicos — que historicamente se mantêm neutros, sem integrar alianças militares — vêm dando fortes indícios que planejam se unir à OTAN, como maneira de se proteger de um futuro incerto e, para muitos, mais real que a guerra fria.
Na quarta-feira dia 13 de abril, os governos finlandês e suecos, através das primeiras-ministras Sanna Marin (Finlândia) e Magdalena Andersson (Suécia), em entrevista coletiva em Estocolmo disseram que uma decisão nesse sentido poderia levar semanas, não meses. Em resposta, Medvedev disse que em caso de adesão, “as fronteiras da aliança com a Rússia seriam multiplicadas por dois. E será necessário defender essas fronteiras levantando implicitamente ao dizer que o Báltico não estaria livre de armas nucleares”.
A Rússia tem o maior arsenal de ogivas nucleares do mundo e a tecnologia de mísseis hipersônicos, o que criará um clima de mais tensão. Além disto para muitos especialistas a adesão não trará estabilidade a Europa, pelo contrário.
“Neste caso, não poderia mais ser considerado um Báltico não nuclear”, acrescentou, evocando também a possibilidade de instalação de sistemas de defesa antiaérea no noroeste da Rússia e do deslocamento de forças navais para o Golfo da Finlândia.
“Ninguém em sã consciência pode querer um aumento de tensão nas suas fronteiras e ter Iskander (SS-26 Stone), mísseis hipersônicos e navios com armas nucleares ao lado da sua casa”, desafiou Medvedev.
Oficialmente, Finlândia e Suécia, que fazem fronteira com a Rússia, afirmam ainda estudar a entrada na OTAN. Em uma coletiva conjunta na quarta-feira, as líderes dos dois países afirmaram que estudam e veem vantagens na possibilidade. Porém, segundo a mídia sueca, a decisão de Estocolmo já está tomada. A OTAN não costuma falar em adesões e costuma afirmar apenas que a organização tem uma política de portas abertas e qualquer país pode pleitear um convite. Após uma reunião de ministros das Relações Exteriores da aliança na semana passada, o secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse sobre a Finlândia e Suécia que “não há outros países mais próximos da OTAN” e que ambos “podem facilmente se juntar à aliança se decidirem se candidatar”.
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