
Os combates do início de maio entre a Índia e o Paquistão nos obrigam a pensar e a fazer uma comparação entre aquele conflito e a nossa realidade no cenário sul-americano, em primeiro lugar, e hemisférico mais adiante.
Não se trata do tamanho das forças consideradas. Aquela região tem sido palco de quatro grandes guerras entre suas duas principais potências há décadas, sem contar com escaramuças praticamente ininterruptas, o que explica o grande ritmo das aquisições militares dos dois países. A força aérea indiana conta com cerca de 135.000 homens e mulheres em uniforme, e a paquistanesa conta com uns 78.000. Ambas estão equipadas com mais de 150 aeronaves de combate, sistemas de armas antiaéreas de última geração, aeronaves remotamente pilotadas, centros avançados de comando e controle, e farto armamento para toda e qualquer situação.
O que parece ter ocorrido nesse curto conflito que ainda está sendo analisado ao redor do mundo nos interessa diretamente. Não obstante a superioridade deste ou daquele armamento sobre outro, ou do emprego de táticas pré-planejadas de uso estratégico por um ou, por outro lado, o que parece ter sobressaído nesse conflito foram duas situações marcantes decididas antes do começo dos combates. São elas: a montagem de uma ordem de batalha homogênea por parte do Paquistão, que vem ocorrendo paulatinamente com o afastamento daquele país da esfera de fornecedores ocidentais, e de uma cada vez maior aproximação com a China; e a montagem e o adestramento de sua força aérea em um ambiente de guerra centrada em redes.
Nenhum dos lados possuía uma “bala de prata”, um vetor capaz de, sozinho, desequilibrar a batalha, como caças furtivos de quinta geração tipo F-35/F-22 norte-americanos, ou mísseis incapazes de errar.
Pode parecer estranho, mas não seria a primeira vez que um sistema de combate adquirido especificamente para cumprir um objetivo bem-definido e absorvido por seus executores vence outro, maior, porém menos focado no que deve fazer. A guerra não marca hora, e o preparo para as conjunturas esperadas deve estar pronto e revisado o mais rapidamente possível, e com foco absoluto no resultado esperado e em suas contingências.
Uma força aérea adquire enorme vantagem quando compra seus vetores visando a um sistema focado unicamente em derrotar seu inimigo potencial, sem se preocupar com questões ideológicas, políticas, negociais ou logísticas.
Se olharmos para a nossa Força Aérea, logo após o que ocorreu no subcontinente indiano, podemos afirmar que não estamos assim tão mal “na fita”.
A bem-estudada aquisição dos caças suecos Gripen, da escolha dos armamentos testados e homologados para ele, dos aviões E-99M com seus radares Erieye igualmente suecos e de um sistema de datalink capaz de amalgamar todos esses vetores nos faz enxergar, na Força Aérea Brasileira, a capacidade de atuar eficientemente dessa forma sistêmica sem a necessidade de novas aquisições. A capacidade está aí. Faltam apenas os números necessários para garantir que esses meios cumpram suas funções adequadamente. E, para tal, o governo precisa parar de glosar os aportes do orçamento e deixar o dinheiro chegar à ponta da lança.
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Editorial da edição número 154 – Junho de 2025 da Revista Força Aérea (RFA). A Revista Digital de Aviação Militar Brasileira
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