A manchete da matéria é contundente: “A farra dos jatinhos da FAB nos três poderes já soma 660 voos”. Mas o pior de tudo é o título da coluna que abre o texto. Ela diz simplesmente: “Uber aéreo”. A crônica de outro famoso observador contabiliza que as viagens de um único ministro custaram “R$ 3,2 milhões em 8 meses”. E não são os únicos artigos que “reclamam” do uso excessivo de aeronaves da FAB para transportar ministros de Estado e seus convidados.
O Grupo de Transporte Especial (GTE) da Força Aérea Brasileira é responsável, entre outras missões, pelo transporte de autoridades predeterminadas. Dispõe de três esquadrões: o Primeiro, cuja função é o transporte do Presidente da República, dotado de aeronaves Airbus Corporate Jet Liner, um A-319 VIP, e o Embraer 190, também em sua versão executiva.
O Segundo Esquadrão, equipado com nove jatos Embraer 135 e 145, para o transporte das demais autoridades, como Ministros e Secretários da República, além dos comandantes das três Forças. E o Terceiro, composto de aeronaves de asas rotativas Helibras H225M Caracal e H135, para uso exclusivo do Presidente da República.
As reclamações recaem sobre os voos do segundo esquadrão.
Há muito se discute a validade daquela unidade aérea. Para alguns na FAB, a proximidade que estas criam entre elementos da Força e as figuras políticas que transportam, rende frutos nos pleitos que ela permite.
Para outros, esse fato não ocorre, uma vez que após os “bons dias” de praxe, os pilotos se recolhem à cabine de comando, enquanto os passageiros se acomodam em suas confortáveis poltronas e se preparam para o voo.
Qual a verdade dessas duas afirmações eu não sei, mas acho que o destino da Força Aérea, atualmente, é definido no nível do Ministério da Defesa, e pelo governo, no mais alto nível.
Não havendo qualquer benefício para a FAB, o transporte da maioria dessas autoridades resulta em nada mais do que um dispêndio considerável em benefício de diversos Ministérios, e suas “caronas”, com verbas saindo diretamente dos cofres da Força Aérea Brasileira.
Ultimamente, a FAB tem sofrido pesados cortes orçamentários que exigem que a área logística da Força tenha que se reinventar para manter a frota voando. Os cortes em questão têm sido tão severos, de fato, que exigem uma redução do número de aeronaves em condições de voo. Como a FAB é uma instituição multifacetada, com responsabilidades que vão da defesa aérea do País ao transporte logístico passando pela busca e salvamento e pelo transporte de órgãos, essa diminuição na necessária aquisição de peças e na manutenção deve ocorrer na Força como um todo.
E isso inclui o GTE, responsável pelo transporte de autoridades.
Como não é possível diminuir a prontidão de suas unidades a serviço da Presidência, a redução de disponibilidade recai sobre o Segundo Esquadrão. O que acaba levantando a perene pergunta: é realmente necessário o transporte de autoridades das mais diversas nas asas – e no orçamento – da Força Aérea?
O Brasil possui uma avantajada malha aérea na qual operam aeronaves das mais diversas companhias comerciais. Existem voos para todos os cantos do País. Poucos são os nossos vizinhos dotados da capacidade que a nossa aviação comercial tem para atingir todos os pontos do território.
Não há razão para que os diversos ministérios não utilizem essa malha com seus fundos próprios, sem onerar a FAB. Evidentemente, e por segurança, a Presidência da República necessita de aeronaves próprias para cumprir as funções do primeiro mandatário da nação. Diversos políticos e funcionários públicos já utilizam voos comerciais mundo afora, e até no Brasil, sem o maior problema ou constrangimento.
De modo que segue a eterna pergunta: Será que o País realmente precisa do Segundo Esquadrão? Ou será que esse dinheiro é melhor utilizado para fazer a nossa Força Aérea voar? Para o bem de todos.
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