Recentemente, estão aflorando declarações, artigos, crônicas e entrevistas de ilustres formadores de opinião — muitos dos quais da área política — que questionam não só a capacidade, mas também a necessidade de nossas Forças Armadas.
Provavelmente oriundas de frustrações resultantes de esperanças políticas, por um lado, ou com objetivos distintos de aproveitamento político, por outro, a verdade é que elas vêm chamando a atenção.
As críticas vão da falta de preparo às políticas de aquisição. Da atuação em prol das populações mais carentes à porosidade de nossas fronteiras, apesar de sua presença em todas elas. E por aí em diante. E eis que, neste mesmo momento (que perfect timing!), aparece em nossa mídia uma bizarra análise, que seria da China, listando nossas Forças Armadas como estando entre as piores do mundo. Com que razão uma potência estrangeira, parceira comercial do País, conhecidamente hábil e discreta em suas ações diplomáticas diria isso eu não sei. A verdade é que todos estes questionamentos, que nunca deixaram as mesas dos bares para ganhar as folhas da mídia apontam para uma descaracterização de toda uma construção que vem desde tempos imemoriais, colocando pedra sobre pedra sobre a hercúlea obra que é defender o quinto maior país do mundo em extensão territorial.
Disseram que as aquisições brasileiras são malfeitas, mas se esqueceram de listar quais. Ou de olhar para nossos vizinhos ao lado e tentar criar contingências de conflito para ver se tal afirmação fica de pé.
Outros, disseram que nos porosos limites nacionais, que se estendem por 16.886 quilômetros de fronteira seca, quem realiza o embate ao ilícito que destrói a alma do país, é a Polícia Federal, e não as Forças Armadas. Não obstante o valioso e corajoso trabalho de nosso órgão federal de polícia, nota-se uma absoluta falta de conhecimento operacional de quem faz tal declaração. A PF tem poder de prisão. Às Forças Armadas, este lhes é vedado. Só para começar a conversa.
Não fossem nossas três forças atuando no absoluto limite de suas capacidades legais, estruturais e orçamentárias, teríamos um país ainda mais problemático do que temos.
Essas afirmações que, de repente, vêm pipocando de um tempo prá cá não servem nenhum propósito útil.
Política à parte (e esta não entra de forma alguma neste editorial), não se pode “jogar por terra” séculos de evolução de instituições que cresceram e se desenvolveram junto ao gigante, o qual ajudaram a, também, crescer e se desenvolver.
Querem brigar? Briguem com os homens.
Questionem suas ações, disputem seus motivos.
Mas não desfaçam de nossas Forças Armadas — do tenente na fronteira, do mecânico na linha de voo, do sargento na sala de torpedos — sem ter o mais absoluto conhecimento de causa. Afinal, mudanças drásticas, por razões erradas, podem trazer coisa pior.
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@CL