O que o país tem testemunhado na vergonhosa guerra de narrativas a respeito do que vem ocorrendo com a etnia Yanomami na fronteira norte, mais precisamente em Surucucu, terra povoada por indígenas brasileiros na estratégica região brasileira da Cabeça do Cachorro passa de qualquer limite.
A coisa menos importante a discutir é o quem fez e o quem não fez, ou de quem é a grande culpa. O que deveria estar em discussão é a causa maior do problema e sua melhor resolução para o bem do povo brasileiro, incluídos aí os indígenas.
Quando vemos índios lucrando com suas terras, dirigindo picapes do ano, trajados com a camisa do Flamengo e usando os últimos modelos do Apple Watch, mas com a cultura preservada, não dá, como brasileiro, torcedor do eterno porvir para todos, não se entusiasmar. É sinal de que alguma política, justa e inclusiva, deu certo.
Ao mesmo tempo, causa indignação testemunhar as dificuldades pelas quais passam tribos mais distantes ou descobertas mais recentemente, não obstante os hercúleos esforços das Forças Armadas Brasileiras para melhorar suas vidas. Sim, entre elas, estão os cerca de 20.000 Yanomamis em suas eternas migrações atrás de melhores campos de caça, aqui no Brasil e na Venezuela.
Dizer que essa sociedade indígena foi deixada à própria sorte, ou pior, é se esquecer de gerações de soldados que ergueram inúmeros pelotões de fronteira, nunca se esquecendo de levar o que de melhor o Brasil poderia prover para melhorar as suas vidas. Ou dos aviadores, mecânicos, médicos, enfermeiras e uma miríade de assistentes sociais e funcionários públicos que só chegaram às profundezas da Amazônia Brasileira através das asas do Arara, do Tracajá, do Falcão, do Cobra, do Harpia, de unidades sediadas em outras regiões do país, do 4º BAvEx e do HU-3, Tucano, da Marinha do Brasil.
Nomes estes que se tornaram lendários no incansável esforço para trazer o conforto da civilização aos brasileiros da Amazônia, fossem eles indígenas ou não. Camarão, Protogenes, Oliveira, Pavanello e muitos outros. Os heróis anônimos da COMARA, que espalharam pistas por toda a extensão da floresta, ou os arquitetos do SIVAM, que abriram os céus antes inóspitos para todos com o moderno controle do tráfego aéreo.
Nunca os indígenas do Brasil estiveram longe de seus pensamentos.
Vítimas da ganância internacional, que, de olho nas riquezas minerais que abundam sob aquele solo, e em acordo com intermediários nacionais de vários naipes, utilizam certas ONGs para estudar e divulgar seu triste “pleito”. Nunca para trazer-lhes alento, modernidade e avanço. Isso quem tem feito são o Exército Brasileiro, a Força Aérea e a Marinha do Brasil, dentro de suas enormes limitações.
Há décadas, o cenário não muda. E a opinião pública é manobrada sem sequer ter posto os pés na Amazônia, quanto mais em Surucucu, Auarís e adjacências.
Se o fizessem, entenderiam que existem gigantescas diferenças culturais. Ocorrem guerras entre grupos dos mesmos índios, primogênitos com problemas de formação ou do sexo feminino não são desejados, por competirem com os membros saudáveis da tribo quando o assunto é alimentação, e o retorno é trabalho (duro).
Existem, também, Yanomamis do outro lado. Vez por outra, expostos ao que vem ocorrendo em meio à maior crise de refugiados da história do Continente.
É por isso que é importante que haja uma urgente mudança da atitude nacional na questão dos nossos índios da fronteira – os quais, uma vez expostos às maravilhas que o ser humano criou através dos tempos, não podem mais ser mantidos dentro de uma redoma por uma questão puramente política.
O Brasil não precisa mais de ONGs, de insignificantes financiamentos internacionais e de políticas tampão. Precisa, isso sim, tratar esse assunto de forma honesta e decisiva, visando as dezenas de milhões de brasileiros que vivem na região da Grande Floresta. Entre eles, os Yanomamis. Talvez se espelhando nos abnegados homens e mulheres de farda que ensinam o caminho a lidar com o problema. É necessário falar menos e fazer mais…