No último dia 26 de agosto, o ultra-secreto Boeing RC-135U “Combat Sent” da USAF, AF 64-14849, do 45th Reconnaissance Squadron, realizou uma missão de 11h20 de voo sobre o Mar de Barents, mantendo o transponder ADS-B ligado. A aeronave é vinculada a 55th Wing, sediada na Outt AFB, mas temporariamente está deslocada na RAF Mildenhall, Reino Unido.
Utilizando o indicativo de chamada “ENID 51”, a aeronave decolou de Mildenhall, evitou o espaço aéreo da Noruega e chegou sobre o Mar de Barents, onde iniciou órbitas em espaço aéreo internacional, na Península de Kola e na Região de Murmansk, onde estão algumas bases navais da Frota do Norte da Rússia, entre elas a base dos submarinos nucleares.
O Combat Sent é um dos aviões de vigilância mais secretos dos Estados Unidos, capaz de localizar, identificar e analisar simultaneamente vários sinais eletrônicos. Ele fornece informações de reconhecimento eletrônico estratégico, realizando análise de sinal por meio de uma ampla variedade sistemas embarcados. Existem apenas dois RC-135U Combat Sent ativos na USAF, sendo eles o AF 64-14849 e o AF 64-14847. Entre os tripulantes, eles são chamados de de U-Boat.
Esta missão chamou a atenção de diversas pessoas interessadas no assunto, especialmente pelo fato da aeronave manter-se visível aos sites de rastreio on-line. A grande maioria das missões dos U-Boats, são realizadas com o transpônder ADS-B desligado, o que impossibilita o rastreio. Os voos são realizados em completo silêncio rádio, e nem mesmo os órgãos de controle ATC são contatados. Vale o conceito de “ver e evitar”, onde os pilotos dos Combat Sents são os responsáveis por evitar conflitos com os demais tráfegos no espaço aéreo.
Mesmo que o RC-135U possa normalmente ser rastreado online, eles tendem a se manter discretos ao atingir as áreas de operações, neste caso específico o Mar de Barents, onde raramente são rastreados. Desligando o transpônder ele evita ser detectado pelos sistemas comerciais, como os receptores ADS-B que alimentam a rede mundial de rastreamento de voos online.
No caso do voo do “ENID 51”, ele permaneceu visível para quem quisesse vê-lo na internet, mesmo que chamasse a atenção pelo fato de parecer estar muito próximo Rússia, mesmo que em espaço aéreo internacional.
O portal noruegues Barents Observer, relatou o voo do U-Boat em suas páginas. “Não sabemos se a Frota do Norte Russa fez algum disparo de míssil no dia 26 no Mar de Barens e no Mar Branco, mas um avião espião americano normalmente não voaria tão perto do espaço aéreo russo sem motivos”.
A Administração de Portos Marítimos do Ártico Ocidental da Rússia listou algumas áreas não navegáveis para esta semana nos mares de Barents e Kara, incluindo uma área marcada para lançamento de foguetes no período de 25 a 28 de agosto. Esses avisos são emitidos quando quando há disparos de mísseis a partir do campo de testes de Nenoksa, perto de Severodvinsk, ou de navios da marinha no Mar Branco. Esses disparos são de interesse americano, e como o Mar Branco é espaço aéreo russo, o RC-135 só pode voar sobre o Mar de Barents.
A missão RC-135U ocorreu em meio a tensões crescentes na Escandinávia e no Báltico. A Suécia aumentou o alerta na região de Gotland como consequência da atividade militar russa. De acordo com o Barents Observer, os navios militares russos navegavam próximo a Ilha de Gotland, provocando a Suécia, que respondeu enviando tropas militares e embarcações para a ilha. Na última semana um MC-130 da USAF, pertencente ao 67th Special Operations Squadron, foi visto pousando em Gotland.
Em 21 de agosto, o submarino USS Seawolf da U.S. Navy, fez uma breve subida à superfície na região de Tromsø, no norte da Noruega. Em 22 de agosto, seis bombardeiros B-52H Stratofortress pertencentes ao 5th Bomb Wing, Base da Força Aérea Minot, Dakota do Norte, sobrevoaram o Mar da Noruega junto com os jatos F-16 figther da Força Aérea Real da Noruega, a caminho de RAF Fairford, Reino Unido, onde ficarão baseados por algumas semanas como parte de uma Força-Tarefa de Bombardeiros.
“We operate the B52s in 2 & 3-ship formations all the time, but flying 6 B52’s, 500ft off each other wings, co-altitude, while integrating w/ our Norwegian allies is by far the best thing I’ve done,” said Capt Andrew Dang, 23rd Bomb Squadron pilot”.
“Operamos os B52s em formações de 2 e 3 navios o tempo todo, mas voar 6 B52’s, a 500 pés de distância um do outro, co-altitude, enquanto a integração com nossos aliados noruegueses é de longe a melhor coisa que fiz”, disse o capitão Andrew Dang, piloto do 23th BS”.
Originally tweeted by AFGSC (@AFGlobalStrike) on 26 de August de 2020.
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