Putin lança mais de 80 mísseis sobre a Ucrânia em retaliação ao ataque à ponte da Crimeia
Putin lança mais de 80 mísseis sobre a Ucrânia em retaliação ao ataque à ponte da Crimeia. Os mísseis russos lançados hoje (10) sobre diversas cidades em toda a Ucrânia, mostram uma escalada de Moscou contra seu vizinho. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que os ataques foram uma retaliação contra a explosão que danificou a ponte que liga a Rússia à Crimeia no sábado (08).
Analistas militares dizem que não está claro se os ataques marcam um ponto de virada em uma guerra que matou milhares de ucranianos e fez milhões fugirem de suas casas. Simon Smith, ex-embaixador britânico na Ucrânia disse que o líder russo está tentando enviar uma mensagem para a Ucrânia.
Smith disse que os mísseis russos jogados sobre áreas civis foi uma “intimidação psicológica e física” – mas também “um ato de desespero” de um líder russo cujas tropas estão perdendo território em partes do leste da Ucrânia, anexadas anteriormente.
O Ministério da Defesa da Rússia disse ter como alvo “instalações de comando e comunicação militar e infraestrutura de energia”, mas a Ucrânia acusou Moscou de atacar indiscriminadamente áreas civis. Autoridades ucranianas disseram que a Rússia disparou 84 mísseis contra 10 cidades, com 56 deles neutralizados por defesas aéreas. Pelo menos doze pessoas foram mortas e mais de 60 ficaram feridas nos ataques.
“A Rússia está tentando sobrecarregar as defesas aéreas ucranianas”, disse Justin Crump, executivo-chefe da consultoria de segurança Sibylline, à BBC. “Isso é algo que eles tentaram ao longo do conflito, mas nunca nesta escala.”
Crump disse que a Ucrânia provavelmente buscará adquirir mais mísseis terra-ar de aliados ocidentais para fortalecer suas defesas aéreas. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy deve falar amanhã aos líderes do Grupo dos Sete em uma videoconferência.
Michael Clarke, professor visitante de estudos de guerra no King’s College London, disse que os ataques de segunda-feira, embora brutais, provavelmente ainda não foram o ponto de virada na guerra, “porque de certa forma, os russos já estão fazendo o pior”.
Os ucranianos estão encontrando valas comuns e evidências de tortura – e estão realizando investigações de crimes de guerra – em cidades e vilas recapturadas após meses de ocupação russa.
“Ao aumentar a pressão, tudo o que eles fazem é trazer mais miséria para a população civil da Ucrânia, o que vai endurecer a determinação dos ucranianos”, disse Clarke. “E eles [os russos] ainda estão perdendo no chão.”
O bombardeio aconteceu dois dias depois de Putin colocar o chefe da Força Aérea Russa, General Sergei Surovikin, no comando de todas as forças russas na Ucrânia. Surovikin liderou anteriormente as forças russas na Síria e foi acusado de supervisionar um bombardeio brutal que destruiu grande parte da cidade de Aleppo.
Sidharth Kaushal, pesquisador do think-tank militar Royal United Services Institute, disse que a nomeação de Surovikin provavelmente não trará uma grande mudança para a campanha militar da Rússia. “Ele teve uma carreira marcada por acusações de corrupção e brutalidade. Então, isso pode ser uma ideia de como ele abordará a situação, o que não será nada mais brutal do que já foi feito.”
Kaushal disse que até agora a Rússia usou um número bastante grande de mísseis na guerra, e pode ficar sem algumas armas de precisão mais modernas. Mas ele disse que a Rússia tem um grande número de armas da era soviética, e ainda mantém a capacidade de infligir danos pesados à Ucrânia.
“Dado o grande número de alvos que, em geral, os mísseis russos tem um bom desempenho, seria esperado que pelo menos algumas partes da infraestrutura crítica ucraniana, como redes elétricas, fossem destruídas ao longo da campanha”, disse Kaushal.
Andriy Yermak, conselheiro sênior de Zelenskyy, disse que a Rússia está tentando “causar danos psicológicos aos ucranianos, para nos fazer desejar que a guerra termine, não importa como”. Mas a Ucrânia disse que não vai recuar.
O governo ucraniano não assumiu oficialmente a responsabilidade pelo ataque à ponte da Crimeia, mas o embaixador da Ucrânia na Grã-Bretanha, Vadym Prystaiko, chamou a ponte de um alvo militar legítimo e disse que as forças de Kiev atacariam mais locais de alta importância militar para a Rússia.
“Não estamos visando a infraestrutura civil russa em nenhum lugar, especialmente além das fronteiras oficiais ucranianas com a Rússia”, disse ele à Times Radio. “Mas para alcançar a vitória, teremos que nos esforçar cada vez mais.”
O ex-embaixador Smith disse que os ataques de segunda-feira não mudarão o jogo, mas que Putin, diante dos avanços ucranianos no terreno, abriu uma nova dimensão na guerra. “Se Putin sabe que enviar centenas de milhares de militares para o território ucraniano será uma perda mortal, porque eles são tão mal comandados e mal equipados. Então ele vai procurar maneiras de destruir a Ucrânia à distância”, disse Smith – e isso levanta questões significativas para os aliados ocidentais da Ucrânia.
“Os países que apoiam a Ucrânia precisam pensar em maneiras de ajudar a Ucrânia a se defender contra isso”, disse Smith.
Fonte: AP News
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