Putin está prendendo cientistas militares russos por traição. Pelo menos uma dúzia de cientistas russos que trabalharam no desenvolvimento de mísseis hipersônicos foram detidos sob suspeita de alta traição. A informação foi divulgada pelo portal americano Newsweek, que relata que as prisões ocorreram depois que Vladimir Putin iniciou sua operação de invasão na Ucrânia em fevereiro de 2022.
Um dos cientistas presos foi o físico Vladislav Galkin, que desde 2016 trabalhava no programa do míssil hipersônico russo. O fato foi confirmado por Elena Nefedova, presidente interina do Tribunal Distrital Sovetsky de Novosibirsk, em entrevista ao jornal local T-invariant em 15 de dezembro. Novosibirsk é a maior cidade da Sibéria e um dos principais centros científicos do país.
Importantes cientistas russos envolvidos no desenvolvimento da tecnologia hipersônica foram presos sob suspeita de traição no ano passado. Pelo menos 16 profissionais vinculados ao Departamento Siberiano da Academia Russa de Ciências foram alvos de processo criminal, informou o jornal Moscou Times.
Galkin é professor associado da Universidade Politécnica de Tomsk e coautor de trabalhos do Instituto de Mecânica Teórica e Aplicada do Departamento Siberiano da Academia Russa de Ciências.
O pesquisador-chefe do instituto, Valery Zvegintsev, e os cientistas Anatoly Maslov e Alexander Shiplyuk, que trabalharam no desenvolvimento de mísseis hipersônicos, foram presos em maio deste ano, sob suspeita de traição.
Um meio de comunicação de Novosibirsk disse que Maslov era suspeito de entregar segredos de Estado à China. “Simplesmente não entendemos como continuar nosso trabalho”, escreveram os presos na época, afirmando que apenas participaram de conferências e projetos internacionais no exterior e que tiveram seus trabalhos publicados em revistas populares.
Em julho de 2022, Dmitry Kolker, um físico russo de 54 anos que foi preso na Sibéria sob suspeita de traição, morreu sob custódia após ser levado de avião para Moscou enquanto se submetia a tratamento para câncer de pâncreas.
“O FSB assassinou meu pai”, disse Maksim Kolker, filho do cientistas na rede social russa VKontakte, na época. “Totalmente conscientes do estado em que se encontrava, arrastaram-no do hospital… Nem sequer permitiram que ele se despedisse da sua família. Espero que o investigador Morozov, o juiz de Novosibirsk e toda a máquina estatal sejam responsabilizados por suas ações.”
Em Setembro, o cidadão russo Sergei Kabanov foi considerado culpado de alta traição por contrabandear tecnologia de mísseis para os Estados Unidos. Ele foi condenado a 12 anos e meio de prisão depois que uma investigação descobriu que ele “enviou produtos usados na tecnologia de mísseis das Forças Armadas da Federação Russa para os interesses da empresa americana Victory Procurement Services (Huntsville, Alabama), controlada pelo Departamento de Defesa dos EUA” , noticiou a agência de notícias Interfax, citando o serviço de imprensa do FSB, complementando que ele “agiu sob instruções dos serviços de inteligência dos EUA e organizou um canal de contrabando para o fornecimento de produtos militares russos aos Estados Unidos.”, disse a declaração.
Na Rússia, a acusação de alta traição acarreta uma pena de prisão de 12 a 20 anos. São acusados de traição pessoas envolvidas em suspeitas de espionagem, repasse de segredos de Estado para uma nação ou organização estrangeira e a prestação de serviços ou consultoria remunerada que possam afetar a segurança do país.
A Newsweek entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia por e-mail para comentar, mas até o momento não teve retorno.
Fonte: Newsweek
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