O Ministério da Defesa da Suécia publicou em 14 de outubro um documento de 181 páginas, que apresenta um projeto de lei para área de defesa a ser apresentado ao Riksdag (parlamento). Com apoio de todos os partidos, o projeto irá se tornar lei no dia 1º de fevereiro de 2021. Conhecido como Totalförsvaret 2021-25 (Defesa Total 2021-25), o projeto amplia os gastos com defesa na Suécia, que terá algo em torno de SEK27,5 bilhões (US $ 3,1 bilhões) a mais, se comparados com o ano fiscal 2020.
“Isso representa o maior aumento no nível de ambição nas capacidades de defesa em 70 anos. É um sinal para o povo sueco e nossa vizinhança de que estamos levando a situação de segurança muito a sério. As propostas do projeto de lei devem ser vistas no contexto da deterioração da situação de segurança na vizinhança da Suécia e da Europa ao longo do tempo. Um ataque armado contra a Suécia não pode ser descartado”, disse o Ministro da Defesa, Peter Hultqvist.
O projeto de lei estabelece uma série de medidas que melhoram os equipamentos, a prontidão, o treinamento e a organização das forças armadas suecas, incluindo o restabelecimento de uma série de unidades, o que incluiu a Flygflottilj (Ala Aérea) 16 em Uppsala. Espera-se que todas as Alas mantenham locais de operação dispersos, além de suas bases principais. O número total de militares deverá aumentar de 60.000 para 90.000.
No tocante a Flygvapnet (Força Aérea Sueca), o projeto propõe que a atual estrutura com seis esquadrões de combate seja mantida durante o período 2021-25. Quatro serão convertidos para o JAS 39E Gripen, assim que forem entregues, enquanto dois manterão o JAS 39C/D. Os planos iniciais previam que o Gripen E deveria substituir os C/D. Mas é cada vez mais provável que os Gripen C/D sejam mantidos devido as crescentes tensões regionais. O projeto prevê que o Gripen C/D seja “uma parte importante da organização de guerra após 2030”. O projeto indica que após 2025 o número de unidades de combate sejam revistas e até aumentadas – abrindo brecha para compra de mais Gripen E.
Atualmente, a Suécia tem 60 Gripen E encomendados, e o projeto não dá detalhes sobre os números futuros do Gripen, embora se estima que a força futura compreenderá cerca de 90-100 caças Gripen E, o que permitiria que seis unidades iniciais de caça do escopo 2021-25, sejam mantidas operacionais 15 a 16 aeronaves. Para aumentar a eficácia do combate, o projeto de lei propõe a compra de mais mísseis ar-ar, em especial mísseis BVR, o fortalecimento da capacidade de guerra eletrônica e a aquisição do míssil anti-navio RBS-15F. Além disso, uma capacidade de ataque de longo alcance deve ser introduzida no período de 2026-2030, sem especificar quais os requisitos para esta aeronave ou míssil de cruzeiro.
Uma das necessidades mais urgentes da força aérea é a aquisição de um novo sistema aerotransportado de controle e alerta antecipado, já que as atuais aeronaves Saab 340 AEW estão sobrecarregadas e envelhecendo. A decisão sobre sua substituição deve ser tomada no período de 2021-25, com a aquisição concluída após 2025. O GlobalEye da Saab, montado sobre a plataforma do jato executivo da canadense Bombardier – Global 6000, surge como um natural candidato.
As aeronaves de transporte devem ser divididas entre três esquadrões designados para transporte regular, transporte “especial” e apoio governamental. A ala de helicópteros também será dividida: dois esquadrões serão dedicados à emprego terrestre, um à missão naval e outro ao apoio às forças especiais.
Os itens finais relacionados a Força Aérea no projeto de lei estão relacionados à cooperação com o Future Combat Air System, liderado pelo Reino Unido, ao qual a Suécia aderiu em 2019. Embora o projeto de lei observe que, por enquanto, o desenvolvimento de tecnologia inicial apoiará principalmente o JAS 39E Gripen, o documento destaca as oportunidades de cooperação com a Finlândia tanto em tecnologia quanto em desenvolvimento operacional, caso o vizinho da Suécia opte por selecionar o Gripen E como seu próximo caça.
@CAS