Projeto brasileiro vence competição aeroespacial. Uma união entre Brasil e Suécia em busca de soluções aeroespaciais com aplicações no mundo real foi a base da competição idealizada pelo Centro Sueco de Pesquisa Aeroespacial (SARC – Swedish Aerospace Research Center) e a Rede Brasileira de Pesquisa e Inovação Aeroespacial (BARINet – Brazilian Aerospace Research and Inovation Network). O concurso foi patrocinado pela empresa sueca Saab, e contou com a parceria do CISB (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro) e de renomadas Universidades do Brasil e da Suécia.
O objetivo da competição era encontrar as melhores soluções para um problema específico que envolvessem múltiplos veículos aéreos não tripulados (VANTs ou UAVs, na sigla em inglês). Para o Prof. Dr. Glauco Caurin, pesquisador da USP São Carlos e um dos diretores da competição, ações desse tipo servem para conectar a indústria, a inovação e o mundo acadêmico. “A competição é original e inovadora, pois tenta colocar no mesmo palco soluções avançadas do lado de pesquisa e acadêmico com alunos de pós-graduação e também soluções desenvolvidas por startups”, explica.
Vencedores brasileiros
Durante o 10º Workshop Sueco Brasileiro em Aeronáutica, realizado na última terça-feira (26), foram apresentadas as propostas das 15 equipes inscritas, sendo 9 delas do Brasil e 6 da Suécia. O grupo vencedor foi o Flying U2, composto por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores das áreas de engenharia e computação da USP São Carlos e da UFSCar.
A proposta da equipe visa solucionar problemas causados por cianobactérias e macrófitas aquáticas em corpos de água doce, por meio da aplicação de veículos aéreos autônomos colaborativos. A proliferação de macrófitas aquáticas pode bloquear múltiplos usos de recursos hidráulicos, como geração de eletricidade, por exemplo. Além disso, a presença de cianobactérias em corpos d’água proporciona sérios riscos à saúde da população devido às potentes toxinas que produzem.
Na proposta apresentada, um UAV líder, com processamento de imagens inteligente embarcado para identificação das regiões de interesse, aplica um planejamento de trajetória informativa para os múltiplos UAVs seguidores. Cada um deles pousa na água, sobre os pontos indicados, para medir o nível de clorofila por fluorescência. Esses dados são enviados de volta ao líder, que constrói um mapa. A capacidade inovadora de sensoriamento colaborativo por ar e água fornece uma solução de engenharia e ciência de ponta a potenciais clientes, de plantas hidrelétricas a turismo.
“Vislumbramos na participação da competição a possibilidade de interagir com outros grupos e empresas internacionais da mesma área de pesquisa e desenvolvimento, o que ampliará nossos horizontes de aplicação e crescimento do grupo”, diz a Dra. Kelen Vivaldini, professora na UFSCar e integrante da equipe vencedora.
Um projeto sueco da Chalmers University of Technology também teve destaque na competição, e a proposta buscava ajudar pessoas em situações chamadas “prontos de estrangulamento”. “Um exemplo é o Mediterrâneo, na Europa, onde infelizmente muitas pessoas têm perdido a vida tentando fugir de certas regiões”, explica o Prof. Ola Benderius, membro do time Chalmers. Logo, a motivação do trabalho foi auxiliar as equipes de resgate em momentos de crise, em que a intervenção humana não é suficiente.
A solução técnica consiste na utilização de três tipos de drones: uma base flutuante, uma frota de drones com asas fixas e um quadricóptero. Os veículos de asas fixas partem da base para fazer buscas e usam câmeras comuns e de infravermelho. Quando algo é encontrado, um sinal é enviado ao flutuante, que replica o comando para a terra firme. Durante a operação de salvamento, o quadricóptero envia imagens em tempo real para a equipe de resgate, cobrindo todas as áreas possíveis.
Resultados
O júri da competição se apoiou em múltiplos critérios, tais como nível de inovação, capacidade e força de geração de negócios. Além, é claro, de avaliar a complexidade em termos de soluções de engenharia e também a originalidade da contribuição científica. “Por ser um projeto binacional, traz elementos de colaboração, diferentes perspectivas e integração. Competições geram ambientes e condições motivacionais únicas para se estudar, aprender e agilizar a implementação de novos métodos e tecnologias”, finaliza o Prof. Caurin.
Fonte: Saab.
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