A Fábrica de Aeronaves Argentina (FAdeA), se prepara recolocar em operação a aeronave de ataque IA-58 Pucará, retirada de serviço pela Força Aérea Argentina (FAA) em 2019. Os voos de testes deverão ocorrer até o final deste ano, após a FAdeA realizar atualizações de sistemas com tecnologia nacional, para o bimotor ser empregado em missões de vigilância aérea.
Em recente entrevista concedida para a Agência de Notícias Télam, a presidente da FAdeA, Mirta Iriondo, afirmou que “o IA 58 Pucará é a melhor aeronave de série da FAdeA, sendo fabricadas 120 unidades com um conceito e capacidades que até hoje são procurados por muitos países ao redor do mundo, por suas características como operações a baixa altura e em baixa velocidade, além de pousar em terrenos não preparados.”
“Em algum momento do governo anterior, a FAA decidiu desativar o Pucará. Em 2010 ou 2011 já havíamos proposto um programa de remotorização e modernização, que começou em 2013 com o desenvolvimento de um protótipo em cooperação com uma empresa israelense. Em 2016 o governo anterior deixou de pagar os israelenses, e quando chegamos em 2020, tivemos que montar um plano de pagamento que estamos implementando”, esclareceu a Sra. Mirta.
A presidente da FAdeA informou que após concluir os pagamentos, os israelenses fornecerão a documentação para que seja possível certificar a versão modernizada do Pucará. Paralelamente, a empresa trabalha em conjunto com a FAA para desenvolver o novo IA 58 Pucará, de acordo com as necessidades dos militares.
O novo IA-58, batizado como Pucará Fênix, será capacitado para missões de vigilância aérea, com a integração de sensores eletro-ópticos produzidos pela empresa argentina FixView, que irá operar em conjunto com um radar de abertura sintética da Invap, outra indústria local. O protótipo terá um cockpit modernizado, além de novos motores Pratt & Whitney Canada PT-6A-62 com hélices quadripás, no lugar dos antigos Turbomeca Astazou.
Inicialmente a FAdeA e a FAA planejam modernizar quatro unidade IA-58 para a versão de vigilância, número que poderá ser incrementado de acordo com as necessidades da Aeronáutica e o sucesso do projeto.
A perspectiva é que no final deste ano seja realizado o roll out do protótipo do novo IA 58 Pucará Fênix, e no primeiro semestre de 2021 seja iniciada a campanha de voos de certificação.
Os IA-58 Pucará não são fabricados há muito tempo, e a FAdeA negocia com a FAA a aquisição de 30 unidades desativadas, visando a modernização e a exportação das aeronaves. A presidente da empresa informou que há planos de reabrir a linha de fabricação da aeronave, entretanto depende da aceitação pelo mercado internacional, com o qual já foram abertas negociações.
Mais de uma centena de IA-58 Pucará foram produzidos em série pela FMA – Fábrica Militar de Aviones (atual FAdeA) entre 1974 e 1999. O principal operador foi a Fuerza Aérea Argentina, e algumas unidades foram exportadas para a Colômbia, Uruguai e Sri Lanka. Os Pucarás tiveram papel importante no Conflito das Malvinas em 1982, onde participaram de diversas missões no arquipélago, tendo abatido em combate aéreo um helicóptero britânico. Dezenas foram danificados em solo, derrubados ou caíram, e diversos foram capturados pelos ingleses, que enviaram algumas unidades para exposição em museus do Reino Unido.