Presidente argentino falou sobre o 747 venezuelano retido em Ezeiza. O presidente argentino, Alberto Fernández, falou pela primeira vez para a mídia do seu país sobre a situação do Boeing 747-300 da companhia venezuelana EMTRASUR, tripulado por iranianos. O jato está retido há quase duas semanas no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, sob suspeita de irregularidades.
Em entrevista, Fernández afirmou que não há irregularidades com o avião venezuelano, e diz que a oposição ao seu governo tenta fazer do caso um escândalo. “Eles querem mostrar algo sombrio, onde não há. A oposição tentou tirar vantagem desse evento, tão doloroso quanto o ataque à AMIA [ Associação Mutual Israelita Argentina ], com uma denúncia de terrorismo. Faz parte da loucura que existe na política”, ironizou o presidente argentino.
Sobre a EMTRASUR, Fernández disse que a companhia aérea foi contratada por uma empresa automotiva argentina, e que seu avião não tem restrições. Entrevistado pela Radio 10, Fernández acrescentou que “o problema que ela tem, sim, é de combustível, por causa das sanções impostas pelos Estados Unidos”.
Em Ezeiza operam três empresas fornecedoras de combustível (Shell, Axion e YPF), que se negam a abastecer o 747 venezuelano, sob o risco de sofrerem sansões dos EUA. Falando para o jornal La Nación, um advogado especializado no setor aeronáutico disse: “você não pode fazer negócios com a Venezuela e o Irã, então todas as empresas que têm laços com os Estados Unidos – ou estão presentes lá – não vão querer vender para eles [ EMTRASUR ] . Aqui temos a Shell, Axion e YPF, que não vão querer sofrer as sanções. Há uma série de regulamentações que as empresas devem cumprir se forem listadas na Bolsa de Valores de Nova York, por exemplo…Se não cumprirem, podem ter sanções econômicas e de outros tipos”, explicou.
Em relação a carga automotiva transportada avião (painel de instrumentos e assentos da SUV Taos), a Volkswagen Argentina esclareceu que não tem nada a ver com a situação: “A relação entre o despachante e a companhia aérea para que as peças cheguem à Argentina é algo que a Volkswagen Argentina desconhece”, disse a empresa.
Com 19 tripulantes a bordo (14 venezuelanos e 5 iranianos), o voo da EMTRASUR era comandado pelo piloto iraniano Gholamreza Ghasemi, ex-oficial da Força Quds, um grupo paramilitar Guarda Revolucionária Iraniana, e ex-proprietário de companhias aéreas iranianas acusadas pelos EUA por tráfico de armas para grupos terroristas.
O alerta sobre a presença de ex-militares iranianos no voo, especialmente sobre o comandante Ghasemi, foi dada pelo Chefe da Secretaria de Inteligência do Paraguai, Esteban Aquino, país onde recentemente operou o 747 da EMTRASUR. “De acordo com o que sabemos e confirmado por agências aliadas, se trata de uma pessoa ligada ao Quds. Não há dúvidas”, disse Aquino.
Demonstrando o alinhamento das instituições federais argentinas, lideradas pelo presidente Fernández, o Chefe da Agência Federal de Inteligência, Agustín Rossi, disse para jornalistas que a tripulação iraniana liderada pelo comandante Ghasemi, estava apenas “treinando os pilotos venezuelanos…”, e completou: “para os argentinos eu digo, calma. Até hoje está tudo bem”, frisou Rossi à Rádio Mitre.
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