Polônia pede aos EUA ogivas nucleares para contrapor os mísseis russos na Belarus. O primeiro ministro polonês, Mateusz Morawiecki, ofereceu o território do seu país para que os Estados Unidos instalem armas nucleares, em resposta à recente implantação de mísseis nucleares russos na vizinha Belarus. A oferta ocorreu durante a reunião do Conselho da União Europeia (UE), realizada em 30/06 em Bruxelas, na Bélgica.
“A decisão final vai depender dos nossos parceiros americanos e da OTAN. Declaramos nossa vontade de agir rapidamente sobre esse assunto”, afirmou Morawiecki em conferência de imprensa após a reunião do Conselho.
Formalmente há apenas cinco países da OTAN com esses tipos de armas: Itália, Bélgica, Alemanha, Turquia e Holanda. Segundo a Federação dos Cientistas Americanos (FAS), os cinco países possuem cerca de cem bombas táticas B61, sendo 35 delas estocadas em duas bases aéreas na Itália.
Essas armas nucleares táticas podem ser lançadas a partir de jatos F-16, Tornado e, futuramente, F-35, aeronaves da OTAN conhecidas como DCA (Dual Capable Aircraft), referindo-se as suas capacidades nucleares e convencionais.
Bombas nucleares táticas nunca foram cobertas pelos acordos de controle e redução de armas nucleares, recentemente extinto após a saída da Rússia do acordo Novo Start. Esse tipo de ogiva tem menor potência e visa alvos militares específicos, em oposição aos modelos estratégicos, de grande potência, capazes de atingir grandes áreas.
Em 25 de maio, os ministros da Defesa da Rússia e da Belarus assinaram o acordo para a implantação das ogivas nucleares no território belaruso. Recentemente, o presidente Vladimir Putin garantiu que as primeiras ogivas nucleares táticas já estavam na Belarus, embora a transferência final não fosse concluída até o final do ano.
As armas russas, por sua vez, podem ser lançadas tanto por aviões de ataque Su-25 quanto por mísseis terrestres Iskander-M, com alcance de até 500 km. Especialistas ocidentais tem dúvidas sobre a real capacidade do arsenal nuclear russo, e a sua instalação na Belarus seria mais um gesto político.
Para o diretor do programa de informação nuclear da FAS, Hans Kristensen, o primeiro-ministro polonês cometeu um erro ao sugerir a escalada nucelar. “Ele mordeu a isca de Putin”, escreveu ele no Twitter. Pela lógica adotada, haverá mais armas em regiões de alta tensão, o que aumenta o risco de um erro de cálculo durante uma crise.
@FFO