P-8A australiano tem motores atingidos por chaffs lançados por caça chinês durante interceptação. A Austrália denunciou que um caça chinês realizou manobras que ameaçaram a segurança do voo de uma de suas aeronaves de patrulha marítima P-8A Poseidon sobre o Mar da China Meridional. O fato ocorreu em 26 de maio, no espaço aéreo internacional, quando um caça J-16 da Força Aérea da China (PLAAF) interceptou o P-8A da Força Aérea Real Australiana (RAAF), durante uma missão de patrulha de rotina.
O Ministro da Defesa australiano, Richard Marles, disse que o J-16 chinês voou muito perto do avião da Austrália, além de lançar sinalizadores “chaff” (pequenas lâminas de alumínio usadas pelo sistema de auto-defesa do caça), que foram ingeridos pelos motores do Poseidon, o que obrigou a tripulação da RAAF à retornar para sua base.
“O J-16 chinês se posicionou em frente ao nosso P-8, ficando a uma distância muito curta, efetuando o lançamento de um pacote de chaff, que contém pequenos pedaços de alumínio, alguns dos quais foram ingeridos pelos motores do Poseidon. Obviamente, isso é muito perigoso”, disse o Ministro Marles, salientando que a tripulação do P-8 retornou à sua base em emergência.
Dados dos sites de rastreamentos de voo on-line, sugerem que a aeronave envolvida possivelmente foi o P-8A matrícula A47-008. Ele era um dos dois P-8 da RAAF operando a partir da Base Aérea de Clark, nas Filipinas, naquele dia. Utilizando o indicativo de chamada “AUSSIE 189” (ASY 189), o P-8A decolou por volta das 01:00 UTC e retornou pouco antes das 05:40 UTC, , depois de circular sobre a cidade vizinha de Angeles por cerca de um hora.
A unidade de origem dos J-16 da PLAAF é desconhecida. Provavelmente a origem do caça chinês que interceptou o P-8A australiano seja um destacamento temporário operando a partir de um dos aeródromos que a China mantém nas ilhas do Mar da China Meridional, como o de Woody Island, nas Paracels. O J-16 é uma versão chinesa do caça multifuncional russo Su-30MK equipado com aviônicos e motores nativos.
Essa notícia veio depois que o Canadá acusou a China de interceptações igualmente perigosas de sua aeronave de patrulha marítima CP-140 Aurora, conforme noticiamos.
As relações entre a Austrália e a China estão ruins há alguns anos, depois que Pequim impôs barreiras comerciais e rejeitou trocas de alto nível em resposta à promulgação das regras de Camberra visando a interferência estrangeira em sua política doméstica.
A Austrália e outros também tentaram bloquear as incursões chinesas no Pacífico Sul, incluindo a assinatura de um acordo de segurança entre as Ilhas Salomão e Pequim, que poderia resultar no posicionamento de tropas e navios chineses no arquipélago, que fica a menos de dois mil quilômetros das costa australiana.
O incidente ocorre em meio a um comportamento cada vez mais agressivo dos militares chineses nas áreas de fronteira e no mar, visando aviões, navios e forças terrestres da Índia, Canadá, Estados Unidos e Filipinas.
Conforme noticiamos, em fevereiro um navio da Marinha Chinesa disparou laser contra um P-8A Poseidon da RAAF, iluminando-o enquanto sobrevoava as proximidades do norte da Austrália e pondo em risco a segurança da tripulação.
China critica Austrália
A China criticou a Austrália na segunda-feira após um incidente aéreo no Mar da China Meridional, pedindo “prudência” para evitar “erros de julgamento” que podem ter “sérias consequências”.
“Os militares chineses conduzem suas operações… de acordo com os requisitos de segurança operacional, respeitando padrões e profissionalismo”, disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, a repórteres na segunda-feira (06/06).
“A China mais uma vez pede à Austrália que respeite nossos interesses de segurança e principais preocupações, bem como seja cauteloso em palavras e ações, para não gerar erros de julgamento que possam levar a sérias consequências. A China não permitirá que nenhum país viole sua soberania e segurança… sob o pretexto de liberdade de navegação”, disse Zhao Lijian.
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@FFO