OTAN aumenta interceptações de aviões russos perto da Polônia. Jatos militares russos aumentaram a frequência dos seus voos próximo do espaço aéreo polonês, fazendo que a Força Aérea Polonesa (PAF) e a OTAN reforcem o policiamento aéreo na região. A informação é de alto funcionário da PAF para a Air Force Magazine.
“A situação atual traz mais tensão – mais risco – e é definitivamente mais grave para toda a comunidade da OTAN”, disse o General Brigadeiro Ireneusz Nowak, Chefe da Diretoria da PAF, detalhando que “os Su-35, Su-27 e MiG-29 russos, operando à partir da Belarus, se aproximaram do espaço aéreo polonês várias vezes desde a invasão da Ucrânia”.
Os caças da OTAN em alerta de defesa aérea chegam a ser acionados em QRA (Quick Reaction Alert) até três vezes em 24 horas, para interceptar e identificar os aviões militares russos. “É uma situação bastante frequente”, disse Nowak.
Por sua vez, Nowak salientou que os sistemas de defesa aérea russos também rastreiam as aeronaves da OTAN. “A Rússia também está mantendo sua aeronave de controle e alerta antecipado no ar, o Beriev A-50, no ar o tempo todo”, disse o Oficial polonês.
O aumento da presença de jatos de combate da Rússia perto do espaço aéreo polonês e no Báltico, foi observada alguns dias antes da invasão à Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro. A Polônia mantém quatro caças (dois MiG-29 e dois F-16) em alerta 24 horas, prontos para missões QRA.
Mesmo com a vantagem numérica da OTAN em aeronaves, a Rússia continua testando o tempo de resposta da defesa aérea da Aliança. “Eles nos assediam, e nos forçam a interceptá-los. Colocamos muito esforço atualmente nesse sistema de policiamento aéreo. O problema é que operamos em aeroportos relativamente pequenos, o que restringe a quantidade de caças e de rotatividade, tornando a operação cansativa para nós”, disse Nowak.
O espaço aéreo polonês faz fronteira ao norte com o enclave russo de Kaliningrado, no Mar Báltico, à leste com Belarus e a sudeste com a Ucrânia. Os jatos russos que operam no território invadido ucraniano, ainda não aproximaram do espaço aéreo da OTAN por esse flanco, optando por disparar mísseis de cruzeiro e hipersônicos contra alvos perto da fronteira polonesa, a partir do território russo.
Desde 2014, quando o presidente russo Vladimir Putin anexou a Crimeia, as autoridades polonesas julgaram como “fraca”, a resposta da OTAN. Agora, com a invasão da Ucrânia, a necessidade de proteção do território polonês é uma prioridade para a Aliança. Além do policiamento aéreo aprimorado 24 horas por dia, a Polônia hospeda cerca de 10.500 soldados aliados.
“Desta vez, há uma consciência muito séria de que a nossa reação deve ser muito decisiva. Temos um domínio aéreo muito ocupado, reagindo e nos posicionamos conforme o necessário. Mostramos aos adversários que estamos prontos e não vamos recuar”, salientou Nowak.
Atualmente os pilotos de F-16 da USAF e da PAF operam missões conjuntas, mas essa integração não chegou sem algumas deficiências iniciais. Conforme Nowak, os caças se conectam à uma complexa rede do Comando Aéreo da OTAN, que reúne sistemas americanos, poloneses e da Aliança. Até acontecer o primeiro compartilhamento de dados e imagens entre as aeronaves, foi necessário uma semana de trabalhos e ajustes técnicos.
As chamadas missões de policiamento aéreo aprimorado trouxeram rotações regulares de caças americanos de toda a Europa, incluindo F-16 e F-35 da USAF, além dos F/A-18 do Corpo de Fuzileiros Navais.
“Descobrimos algumas lacunas operacionais devido ao fato de sermos um país bastante jovem da OTAN. A adoção de técnicas, táticas e procedimentos americanos pela Polônia, juntamente com treinamento conjuntos, facilitaram os desdobramentos“, disse Nowak. “Um dia os aviadores americanos chegam aqui, e no dia seguinte eles podem sair em surtidas operacionais”, disse ele.
O governo russo, por sua vez, tem usado a mídia controlada pelo Estado para construir uma oposição à Polônia, e obter apoio público à invasão dos Estados Bálticos.
“A Polônia é vista como uma ameaça para a Rússia, e também como um país que apóia uma forte presença dos EUA aqui na Europa. Para a Polônia, nosso relacionamento especial com a USAF é muito importante. É vital para nós”, salientou o Oficial polonês.
Fonte: Air Force Magazine
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