A temporada de furacões no Oceano Atlântico 2020 segue ativa, agitando a frota de aeronaves “Hurricane Hunters” (caçadores de furacões), da NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration.
O mais recente evento é o Furacão Delta, que passou pelo Caribe com Categoria 1 (escala Saffir-Simpson), e atualmente está no Golfo do México, onde as previsões dão conta que ele ganhará força, subindo para categoria 2. As aeronaves da NOAA estão monitorando diariamente o deslocamento e comportamento do Delta, que deverá atingir os estados do Texas, Lousiania e Mississipi, no sul dos EUA, na tarde de sexta-feira (09/SET), com ventos previstos de 100 mph (ou 160 km/h).
O voo do dia 06 de outubro, foi especial para a tripulação do WP-3D, matrícula N42RF #NOAA42, apelido “Kermit”, cujo objetivo foi penetrar no Furacão Delta para coleta de dados e monitoração. Até aí mais um voo de rotina, não fosse pelo fato do voo #NOAA42 estar sendo pilotado pela Tenente Rebecca “Becky” Shaw, que realizava a sua primeira missão operacional como comandante da aeronave.
Apesar de jovem, a Ten Shaw é uma experiente piloto de Lockheed P-3 Orion, formada pela Naval Academy em 2009. Ela foi piloto operacional de P-3C Orion na US Navy, onde tornou-se piloto-de-testes, até a sua transferência para a NOAA em junho deste ano. Como “condecoração” pela missão, a jovem comandante conquistou o seu primeiro patch “penny”, um adereço oferecido para os tripulantes que estiveram a bordo das aeronaves da NOAA, “cara-a-cara” com um furacão.
Abaixo, o vídeo do voo #NOAA42 comandando pela Ten. Shaw, no momento em que penetra o Furacão Delta. Perceba a intensidade da chuva, granizo e turbulência, e note o sapo “Kermit” – ou Caco, no Brasil – personagem do clássico da animação “The Muppet Show”, sacudindo pendurado no cockpit do N42RF.
A Lt. Cmdr Shaw pilotando o WP-3D N42RF #NOAA42 “Kermit”, para o interior do furacão Delta, na região do Caribe, em 06 de outubro (Vídeo: NOAA – Mike Mascaro)
Os Hurricane Hunter
Em meados da década de 1970 a NOAA recebeu dois Lockheed WP-3D Orion, uma versão modificada para missões meteorológicas. Estas aeronaves são o N42FR # NOAA42 “Kermit” (c/n 5622 BUNO 159773), recebido em 03 de de junho de 1975 e o N43FR # NOAA43 “Miss Piggy” (c/n 5633 BUNO 159875) recebido em 29 de janeiro de 1976. Ambos receberam nome de batismo dos personagens “Kermit” (Sapo Caco) e “Miss Piggy” (Porca Piggy), do clássico da animação “The Muppet Show”.
Os WP-3D “Hurricane Hunter” são baseados no Aeroporto Internacional de Lakeland Linder (KLAL), Flórida, onde fica o hangar da NOAA. Eles são equipados com os mais modernos equipamentos científicos e meteorológicos embarcados. São as únicas aeronaves americanas equipadas com sensores, radares e sistemas capazes de coletar, tratar e apresentar dados e detalhes de tempestades.
A fuselagem dos WP-3D possui protuberâncias, saliências e alterações para acomodar a grande quantidade de sensores, antenas e radares instalados. Duas modificações evidentes são os radares Doppler instalados na parte inferior da fuselagem (LF – Lower Fuselage) e na cauda (TDR – Tail Doppler Radar). Juntos, eles fazem uma varredura horizontal (LF) e vertical (TDR) das tempestades, e o resultado são mapas extremamente detalhados, que os técnicos comparam (a grosso modo) com uma “ressonância magnética” das formações. Estas imagens permitem que os meteorologistas tenham a possibilidade de estudar as camadas e estruturas internas das nuvens, e emitam previsões mais precisas quanto ao desenvolvimento e deslocamento dos furacões.
Os WP-3D estão equipados com um sistema desenvolvido pela NOAA chamado Stepped Frequency Microwave Radiometer (SFMR), que através de sinais de rádio, calcula a velocidade do vento na superfície do oceano, de acordo com a radiação emitida pela espuma do mar. Estas informações são críticas para as previsões emitidas pelos pesquisadores do National Hurricane Center.
Quando voam diretamente no centro dos furacões, os “Hurricane Hunter” liberam através de um tubo de lançamento na aeronave, sondas com GPS (Dropwindsondes). Elas tem pequenos pára-quedas e quando caem no mar, transmitem dezenas dados para o avião, como pressão, temperatura, umidade, velocidade e direção do vento. Os dados recebidos das sondas são analisados pelos técnicos a bordo, e posteriormente transmitidos para o Centro Nacional de Furacões.
A NOAA possui uma frota de aeronaves e drones, que são utilizadas em diversos tipos de missões. As aeronaves são:
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