Os EUA criaram uma Força Aérea Afegã inviável de manter, diz relatório. Enquanto permaneceu no país, os Estados Unidos formaram uma Força Aérea Afegã (AAF) muito avançada e complexa para ser sustentada sozinha pelo governo local. Essa foi a conclusão de um relatório do Inspetor Geral Especial para a Reconstrução do Afeganistão (SIGAR).
O documento relatou que a AAF dependia muito dos militares e das empresas dos EUA para operar e manter suas aeronaves, entrando em colapso após o presidente Biden ordenar a retirada das tropas do país em 2021.
Até 2001, quando os americanos chegaram no país, a AAF tinha uma frota de helicópteros baseada nos Mi-17 de fabricação soviética, com total autossuficiência de manutenção dessas aeronaves. “A mudança dos Mi-17 para os UH-60 alterou esse cenário e colocou a AAF em uma situação insustentável”, disse o relatório.
Em 2020, um ano antes da retirada das tropas e empresas americanas do país, os afegãos conseguiam realizar cerca de 40% do trabalho sozinhos. “O comandante do Resolute Support, General [Austin S.] Miller, alertou que a retirada dos EUA poderia deixar o ANDSF sem apoio aéreo e manutenção vitais. Isso foi exatamente o que aconteceu”, diz o relatório.
Imediatamente a saída dos EUA do país, gradualmente as aeronaves da AAF começaram a parar por falta de manutenção, fazendo que as restantes voassem mais, sem os devidos cuidados, o que acelerou o problema. “Em questão de meses, 60% dos Black Hawks foram parados”, disse Sami Sadat, ex-General da AAF, atualmente no exílio.
Como efeito imediato da falta de mobilidade aérea, as Forças de Segurança perderam a capacidade de movimentação pelo Afeganistão. “Soldados afegãos posicionados em bases isoladas ficaram sem munições e sem suporte, especialmente para evacuações aeromédicas”, disse o SIGAR.
De acordo com o SIGAR, “os Estados Unidos empregou na ANDSF uma abordagem de ‘imagem espelhada’ da forma americana de combate, com tropas terrestres protegidas por maciço apoio aéreo. Mas quando os EUA se retirou, os afegãos não conseguiram sustentar sua luta sozinhos.”
O relatório é finalizado com a citação de um Oficial do antigo Exército do Vietnã do Sul, refletindo sobre o colapso do seu país quase 50 anos antes: “Eles nos ensinaram a lutar como homens ricos, embora estivéssemos vivendo como homens pobres. O oficial disse que canibalizou diversos helicópteros para retirada de peças, utilizando o único que ainda estava em condições de voar para levar tantos homens quanto possível, para um local seguro em um país vizinho. Foi exatamente a decisão tomada pelos pilotos afegãos, 46 anos depois, no verão de 2021”, concluiu o relatório.
Fonte: AFM&S
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